quarta-feira, 8 de novembro de 2017

PF SOB NOVA DIREÇÃO


"Ainda nesta tarde, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, terá um encontro com Temer no Palácio do Planalto. Nada mais revelador de que algo mudará na relação entre o governo e a PF do que este encontro de beija-mão. Lula e Dilma nunca se reuniram com diretores da instituição, oficialmente subordinada ao ministro da Justiça. Foi com Lula na Presidência e Marcio Thomaz Bastos no Ministério da Justiça que a PF começou a ganhar a independência de que hoje desfruta, e que já lhe permitiu, inclusive, invadir o escritório da Presidência da República em São Paulo sem que o Planalto fosse informado. O alvo era Lula e Dilma era a presidente.

Sob Temer, e com Torquato Jardim na pasta da Justiça, os tempos vão mudar. Indo bater continência para quem o nomeou, Segóvia está reconhecendo que é devedor do cargo a Temer, e como tal se comportará. Duvido que ele determine ou aprove operações que atinjam pessoas do governo sem informar pelo menos o ministro, como faziam seus antecessores. 

Se a independência tão cara à corporação começar a ser ferida, vamos ter crises, obviamente. Em algum momento, o Estado brasileiro terá que enfrentar o dilema da natureza jurídica da PF. Como Polícia Judiciária, ela precisa de independência para investigar, quando demandada pelo Ministério Público ou pelo Poder Judiciário. Mas cabe-lhe também atuar como polícia do Poder Executivo Federal, no combate a crimes afetos à autoridade da União, como combate ao tráfico de drogas e armas, tráfico de pessoas, crimes de fronteira e imigração e outros ilícitos. 


Ocorre que, tão grande é hoje o apego às tarefas “judiciárias”, que conferem prestígio e popularidade aos delegados e agentes, que as demais atribuições foram ficando em segundo plano. A meu ver, no futuro o Brasil terá que ter duas polícias na esfera federal. Uma que seja exclusivamente judiciária, e outra que atenda ao próprio Governo Federal na execução da política nacional de segurança pública, naquilo que for de responsabilidade da União."






(De Tereza Cruvinel, analista política, post intitulado "Polícia Federal terá saudade dos governos petistas", publicado no blog por ela mantido no site Brasil 247 - aqui.

E pensar que tempos atrás uma corriqueira mudança de comando no serviço público era encarada como o que de fato é ou deveria ser, uma corriqueira mudança de comando, com tudo o que a lista tríplice oferecia de opções ao nomeante...).

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