Xadrez da influência dos EUA no golpe
Por Luis Nassif
A cada dia que passa fica mais nítida a participação de forças dos Estados Unidos no golpe do impeachment. Trata-se de tema polêmico, contra o qual invariavelmente se lança a acusação de ser teoria conspiratória. O ceticismo decorre do pouco conhecimento sobre o tema e da dificuldade óbvia de se identificar as ações e seus protagonistas. Imaginam-se cenas de filmes de suspense e de vilões, com todos os protagonistas orientados por um comitê central.
Obviamente não é assim.
Um golpe sempre é fruto da articulação das forças internas de um país, não necessariamente homogêneas, e, em muito, da maneira como o governo atacado reage. No decorrer do golpe, montam-se alianças temporárias, em torno do objetivo maior de derrubar o governo. Há interesses diversos em jogo, que provocam atritos e se acentuam depois, na divisão do butim.
A participação gringa se dá na consultoria especializada e no know-how da estratégia geral.
E aí entram os princípios básicos, copiados das estratégias de guerra:
Etapa 1 - Ataques da artilharia: a guerra de desgaste, de exaurir antecipadamente o inimigo por meio de ataques diuturnos de artilharia.
Etapa 2 – a guerra psicológica, visando conquistar corações e mentes das populações dos países adversários contra suas tropas.
Etapa 3 – a primeira ofensiva, juntando o avanço dos tanques de guerra com ações táticas de Infantaria, visando impedir o inimigo de realizar determinadas operações
Etapa 4 – simultaneamente à Etapa 3, táticas de dividir as forças adversárias para atacá-las uma de cada vez.
Etapa 5 - Vencida a guerra, ocupar o país com um governo local que, ante um quadro de destruição ampla, ganhará legitimidade inicial com suas propostas de reconstrução. Por isso a destruição tem papel central na conquista do território, seja no decorrer da guerra ou no desmonte posterior.
Etapa 6 – a batalha decisiva. A aceitação ou não, da população do país, do modelo imposto pela guerra.
Vamos, agora, analisar o Caso Brasil.
Etapa 1 – os ataques de artilharia
Tem a função de fustigar os inimigos diuturnamente, de maneira a tirar seu fôlego e preparar o terreno para o início da batalha e o avanço da infantaria.
Quem acompanha as sutilezas do jornalismo pátrio percebeu nítida mudança no estilo editorial a partir do advento do Instituto Millenium, que ajudou a definir um tipo de jornalismo de guerra mais sofisticado, e ser o ponto de convergência dos jornalistas que atendiam à demanda dos grupos jornalísticos por guerreiros.
Até então, a mídia atuava atabalhoadamente com factoides inverossímeis, dentro do que ficou conhecida como a era do jornalismo de esgoto.
A partir de determinado momento – e, especialmente, das notícias geradas pela AP 470, do mensalão – os ataques mudam de enfoque. Em vez do linguajar agressivo, cobertura intensiva do material fornecido pelo Ministério Público Federal e pelo relator Joaquim Barbosa, em linguagem aparentemente neutra, mas sempre incluindo frases-padrão. Em qualquer matéria, mesmo sem ligação alguma com a AP 470, qualquer menção ao PT era acompanhada de frases–padrão, tipo “partido que foi acusado de corrupção pelo STF”, e outros termos similares, repetidos exaustivamente. Instituiu-se método na campanha midiática.
Etapa 2 – a conquista de corações e mentes
Nas manifestações de junho de 2013 ocorreu a primeira explicitação do mal-estar coletivo com o início da crise. Antes, houve um trabalho crescente dos grupos de ultradireita nas redes sociais, se sobrepondo à jovem militância de esquerda que ficou rendida, sem informações e sem argumentos do lado de um governo incapaz de articular um discurso político.
Factoides de apagão, de epidemias, ataques ao Enem, à organização da Copa do Mundo, tudo ficava sem resposta, sem informações do governo, deixando o campo aberto para o golpismo.
Os primeiros organizadores de encontros, jovens de extração de esquerda, foram jogados ao mar pela própria esquerda.
Sem competidores, os movimentos estimulados pelo exterior ganharam fôlego e o comando das ruas passou para grupos, como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem pra Rua, bancados financeiramente e com know-how de grupos empresariais norte-americanos, como os irmãos Koch, e brasileiros, como Jorge Paulo Lehman.
O know-how consistia na habilidade em criar agentes políticos do nada, valendo-se apenas das novas formas de comunicação e organização das redes sociais. Pelo extremo baixo nível das lideranças, percebe-se a enorme facilidade em se criar protagonistas para conduzir os movimentos de manada nas redes sociais.
A Rede Globo levou dois dias para perceber que os aliados tinham assumido a iniciativa. Imediatamente seus comentaristas se alinharam em defesa das manifestações, depois de a terem desancado impiedosamente no início.
Nos links abaixo, algumas matérias explicativas desses movimentos de bilionários organizando a militância:
Esfera de influência: como os libertários americanos estão reinventando a política latino-americana.
É movimento que repete o fenômeno da direita empresarial norte-americana nos anos 60, com grupos como o W.R.Grace, de irlandeses católicos fundamentalistas, investindo em cruzadas em países da América Latina.
Leia aqui sobre os Grace e sua Campanha Pelo Rearmamento Moral:
Etapa 3 – o ataque com tanques e infantaria
A conquista de corações e mentes foi relativamente simples. Havia o dado concreto do mal-estar econômico. Bastou forçar nas relações de causalidade com Dilma e o PT, trabalho facilitado pela incapacidade de ambos de entender o momento e enfrentar o jogo tanto no campo político quanto da comunicação.
As manifestações de rua acionaram a bomba de efeito retardado, que catapultou a guerra para a etapa decisiva.
As ações que permitiram transformar um pequeno processo de Curitiba em um escândalo do Rio de Janeiro, capaz de derrubar um governo em Brasília, foram alimentadas pelo DHS, o poderoso Departamento do governo dos EUA, que surge a partir dos atentados às Torres Gêmeas, organizando as ações de 23 departamentos internos na luta contra o terrorismo e as organizações criminosas. Quando os EUA definem o combate à corrupção como ponto central de sua nova geopolítica, o DHS assimila o novo pacto com o mundo corporativo dos EUA.
Ele se torna o ponto de contato com Ministérios Públicos em todo o mundo, no modelo da cooperação internacional, ao mesmo tempo em que novas leis anticorrupção são aprovadas por organismos internacionais. A primeira aproximação com o Brasil foi no caso Banestado. A partir daquele episódio, estreitam-se as relações do DHS com o juiz Sérgio Moro e o grupo de procuradores que assume a Lava Jato.
Leia aqui sobre o DHS.:
Provavelmente vem do DHS o know-how de estratégias político-midiáticas da Lava Jato, a organização das informações em sites, a criação de perfis de procuradores e, mais à frente, a utilização política dos vazamentos. Antes disso, a seleção de procuradores e delegados que atuaram de forma harmônica.
Junto com o bombardeiro de tanques, ocorreram também operações táticas de infantarias, com a divulgação de conversas gravadas da presidente e a sincronização da agenda policial com a agenda política do impeachment.
Etapa 4 – a divisão das forças inimigas
A corrupção política contaminou todos os partidos, sem exceção. As delações dos executivos de empreiteiras forneceram um amplo arsenal para a Lava Jato, podendo selecionar os alvos a serem atingidos.
A atuação da Lava Jato visou três objetivos centrais, todos diretamente relacionados com os interesses norte-americanos, dificultando radicalmente o retorno ao modelo combatido:
· Inviabilizar rapidamente as multinacionais brasileiras que competiam com grupos norte-americanos no exterior;
· Derrubar o governo Dilma e, com ele, a legislação do pré-sal;
· Inabilitar Lula politicamente.
Para que nada se interpusesse no caminho, tratou de poupar Michel Temer, principal personagem do escândalo da Eletronuclear, assim como Eduardo Cunha, que só foi preso depois de consumado o impeachment. E foi por isso que a maioria absoluta dos delatores conseguiu a libertação, bastando, para tanto, as palavrinhas mágicas: Lula ou Dilma sabia.
Agora, uma checagem minuciosa mostra um trabalho relapso, muito mais focado na quantidade que na qualidade das delações. Mas obedecia à estratégia de comunicação, de não dar um minuto de folga aos inimigos (PT e Lula). Cada declaração, mesmo vazia e sem provas, alimentava o noticiário diário, insuflava o clamor das ruas e atraía adesões do Judiciário.
Etapa 5 – a ocupação do território inimigo
A estratégia pós-impeachment consistiu em implementar rapidamente um conjunto radical de medidas visando fazer terra arrasada do modelo econômico vigente. Antes mesmo do impeachment já haviam sido fincadas as bases do acordo com os coronéis do PMDB, em torno da tal Ponte Para o Futuro. A ponto do próprio Temer, em evento nos EUA, afirmar que Dilma caiu por não ter aderido aos pontos da tal Ponte.
É evidente que havia um documento, que foi entregue pessoalmente aos líderes do PMDB por representantes do tal do mercado.
Provavelmente, a cabeça por trás da Ponte para o Futuro, e do trabalho de demolição do orçamento, foi Marcos Lisboa, espécie de menino de ouro do liberalismo pátrio e ponto de contato entre os grupos de mercado, os políticos do PMDB e a alta burocracia pública, graças aos contatos desenvolvidos em seu tempo de assessor do ex-Ministro Antônio Palocci.
Nas eleições de 2002, foi indicado para Jorge Paulo Lehman pelo economista brasileiro, Scheinkman, diretor do prestigioso departamento de macroeconomia da Universidade de Chicago. Lehman tentou enganchá-lo na campanha de Ciro Gomes. Com a eleição de Lula, Lisboa acabou indo para a equipe de Antônio Palocci onde, saliente-se, realizou um belo trabalho de reformas microeconômicas.
No discurso que fez no evento do Jota-Insper, na sexta passada, há todas as impressões digitais das principais maldades em tramitação na Câmara, inclusive a que obriga o devedor inadimplente que devolve o bem a continuar devedor. Para Lisboa, economia saudável é que a permite ao banco tirar a máquina do empresário inadimplente, ainda que uma máquina parada seja menos eficaz para a economia que uma empresa produzindo; que permite ao banco punir o mutuário inadimplente. Para ele, a inadimplência é um ato de vontade do devedor, não contingências da economia. É um autêntico defensor da eugenia social e corporativa.
Todo o estoque de projetos, a começar da PEC do Teto e, a partir dela, o desmonte de todas as políticas sociais e a ocupação de todos os territórios do Estado, do aparelhamento da Funai à Eletronuclear, do Inmetro ao TSE (Tribunal Superior eleitoral) [advém de Marcos Lisboa]. Simultaneamente, lança um conjunto de medidas estruturais, que destroem o modelo anterior de Estado, para que a Nova Ordem possa ser a única alternativa visível.
A contribuição externa se deu no aconselhamento da estratégia da Ponte para o Futuro e do conjunto de leis atuais.
O papel da mídia
A exemplo da estratégia pós-millenium, o papel da mídia é vocalizar um conjunto de slogans vazios:
A equipe econômica é brilhante. A frase é repetida por Ministros do Supremo, empresários etc. A maioria absoluta dos quais jamais tinha ouvido falar antes, ou depois, dos membros da equipe econômica.
Se reformar a Previdência, o país sai da crise. Não há nenhuma relação de causalidade. Para chegar a esse ponto de terra arrasada – parte da estratégia de desmonte do Estado anterior – acabaram com a demanda, criaram enorme capacidade instalada, aumentaram as taxas reais de juros, todas medidas pró-cíclicas.
Sobre essa retórica, prepararei um artigo à parte.
Etapa 6 – a batalha decisiva
O teste final serão as eleições de 2018. E, aí, há uma ampla confusão e disputa entre os diversos grupos hegemônicos que dependem de três balas de prata para enfrentar Lula.
A primeira dificudade é a identificação de um candidato competitivo, capaz de levar adiante o desmonte.
O clube dos bilionários do golpe abriu os olhos para o risco de confundir sua imagem com a da organização comandada por Michel Temer. E entendeu que a aprovação de reformas, sob o jugo de Temer, tirará grande parte da sua legitimidade. Além de comprometer qualquer tentativa futura de protagonismo político.
Aí entram em cena os conflitos de interesse.
Os caciques do PSDB continuarão sendo escandalosamente blindados pelo algoritmo do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas, politicamente, estão liquidados.
Tasso Jereissatti pretendeu tirar o PSDB dessa rota suicida. Mas passou a enfrentar a pressão da banda fisiológica do partido, liderada pelo chanceler Aloysio Nunes. Sem financiamento empresarial e sem governo, parte relevante das atuais lideranças tucanas será varrida do mapa. Daí a insistência em permanecer no barco de Temer
Por outro lado, o clube não dispõe de um nome competitivo para 2018. Marina Silva não tem fôlego. E Geraldo Alckmin não representa novidade alguma no panorama político.
Por tudo isso, o clube – mais a ala mercadista do PSDB, puxada por FHC – provavelmente jogará suas fichas na candidatura de João Dória Jr, apesar das imensas ressalvas que manifestam em relação a ele. Será uma novidade, mas dificilmente será competitivo.
Com o definhamento do PSDB, o antipetismo se tornou totalmente invertebrado.
O distrital misto
Sem uma liderança minimamente esclarecida, tenta-se, agora, esse aborto do modelo político distrital misto como última tentativa de sobrevida à atual bancada de deputados. E aí sobressai uma ameaça cada vez mais presente na política atual: a entrada de várias organizações criminosas no jogo.
O narcotráfico mostrou um poder assustador no episódio da helicoca, no qual a Polícia Federal e o Ministério Público Federal não moveram uma palha para apurar as ligações do dono do helicóptero, senador José Perrela, com o tráfico. O helicóptero foi devolvido dias depois para o dono, em outra atitude inédita.
Por outro lado, a extraordinária influência da Fenatran – a suspeitíssima federação de transporte urbano do Rio de Janeiro – no STF, através do Ministro Gilmar Mendes, acende outra luz amarela.
Finalmente, a tentativa de legalizar novamente o bingo abrirá nova frente de influência para o crime organizado.
O México é aqui e, ao contrário das suspeitas iniciais, o que mais se assemelha ao PRI mexicano não é o PT, mas esse amálgama que sai do golpe, com os primeiros indícios de parceria com o crime organizado.
O PSDB acena com o parlamentarismo, caso consiga o poder. É mais fácil Gilmar Mendes declarar suspeição em qualquer processo, do que a bandeira do parlamentarismo eleger um presidente.
O próximo presidente será eleito denunciando o saco de maldades produzido pelo atual governo, em parceria com o PSDB e com o mercado.
Por todos esses condicionantes, mais que nunca dependerão de ações no Judiciário para inviabilizar a oposição. Afinal, por mais que seja estreita a colaboração com os EUA, não poderão contar com a 7a Cavalaria contra os índios de Lula.
(Fonte: Jornal GGN - aqui).
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Entre as dezenas de comentários suscitados até o momento, selecionamos o a seguir - por oferecer um enfoque 'inesperado' -, da lavra do arguto André Araújo, o qual, destaque-se, foi convertido em post autônomo, igualmente publicado no GGN - aqui -:
A influencia americana sobre corações e mentes não se dá por um plano estruturado de determinado governo ou Presidência e sim por um sistema de atração intelectual que vem dos anos 20, com o cinema e a disseminação do "american way of life" como sendo o modo mais elevado de vida na Terra. Esse "imã" atrator funciona em qualquer governo americano, Democrata ou Republicano, é automático, e os países emergentes caem na rede como insetos caem na teia da aranha, sentem uma atração inexplicável para cair nessa rede, uma espécie de néctar os induz a ser catequizados.
O sistema influencia muito mais as pessoas de origem simples, não influencia as pessoas de elite, que são em geral críticas do "american way of life", motivo de piadas nas altas rodas do mundo. Sobre mentes simples o sistema produz um efeito religioso e os convertidos passam a agir como americanos, sem uma visão critica dos muitos defeitos do "american way of life", um modelo de vida que tem pontos positivos e muitos, cada vez mais, pontos negativos.
A grande arma são os "cursos e treinamentos' nos EUA. Há um aproveitamento bom nos cursos de ciências exatas e muito ruim nas ciências humanas, especialmente economia e direito:
...Os economistas formados nos EUA são devastadores para os países que os enviaram; economia é uma ciência que exige compreensão histórica de alto nível, o método americano de ensino de economia dava (hoje está mudando) maior valor a fórmulas matematizadas e padrões fixos, formando viés para os que retornam com a cabeça cheia de padrões que podem ser lógicos na economia americana mas são estranhos nas economias emergentes.
...Os que fazem Direito para uso no mundo corporativo privado pensam viver em função de multinacionais, único universo onde o aprendizado se aplica, especialmente na área de contratos; os cursos LLM (Nota deste blog: clique AQUI) atraem brasileiros que forçosamente se convertem ao "ethos" cultural subliminar dos EUA. Mas o mais grave de todos esses treinamentos é quando o aluno vem e volta para o direito público, [área em que] o ensino americano é trágico para o País que mandou o aluno; o pior é que o Estado geralmente paga esse custoso treinamento, após o qual o "treinado" passa a operar dentro da "teia" de relacionamentos e influência cultural do sistema americano, que é COMPLETAMENTE diferente do sólido e muito mais profundo sistema jurídico brasileiro, baseado no direito romano e no sistema de direito positivo do Código Napoleão, mais sofisticado do que o "common law" anglo-americano.
...Os economistas formados nos EUA são devastadores para os países que os enviaram; economia é uma ciência que exige compreensão histórica de alto nível, o método americano de ensino de economia dava (hoje está mudando) maior valor a fórmulas matematizadas e padrões fixos, formando viés para os que retornam com a cabeça cheia de padrões que podem ser lógicos na economia americana mas são estranhos nas economias emergentes.
...Os que fazem Direito para uso no mundo corporativo privado pensam viver em função de multinacionais, único universo onde o aprendizado se aplica, especialmente na área de contratos; os cursos LLM (Nota deste blog: clique AQUI) atraem brasileiros que forçosamente se convertem ao "ethos" cultural subliminar dos EUA. Mas o mais grave de todos esses treinamentos é quando o aluno vem e volta para o direito público, [área em que] o ensino americano é trágico para o País que mandou o aluno; o pior é que o Estado geralmente paga esse custoso treinamento, após o qual o "treinado" passa a operar dentro da "teia" de relacionamentos e influência cultural do sistema americano, que é COMPLETAMENTE diferente do sólido e muito mais profundo sistema jurídico brasileiro, baseado no direito romano e no sistema de direito positivo do Código Napoleão, mais sofisticado do que o "common law" anglo-americano.
No caso dos economistas, a devastação causada nos países emergentes é lendária, países foram destruídos por esses economistas que voltam totalmente "lavados" pelos seus mestres e sem a capacidade de fazer adaptações criticas a seus países. Passam a ser críticos de tudo o que existe e acontece em seus países de origem, querem empurrar reformas à força para chegar o mais perto possível ao que aprenderam, e o padrão de tudo passa a ser o modelo que lhes carimbaram na cabeça. O pior é que muitos desses convertidos fazem cursos pagos pelo Estado brasileiro.
Esse atração pela matriz é impressionante. Um caso emblemático foram os dois últimos capitães da equipe econômica do Governo Dilma, Joaquim Levy e Alexandre Tombini, o primeiro, Ministro da Fazenda, e o segundo Presidente do Banco Central, um governo de esquerda que, presume-se, deveria ter comandantes com uma visão nacional: Os DOIS deixaram seus cargos e imediatamente foram morar e trabalhar aonde? Nos Estados Unidos. É impressionante.
As equipes econômicas desde o Plano Real se encaixam nesse padrão inteiramente americanizado no pior sentido do termo. Presume-se (é falso) que os "mercados" só aceitam economistas desse perfil, na verdade os mercados aceitam qualquer coisa, eles sempre se adaptam, até em guerras e revoluções. Delfim Neto jamais teve esse perfil e comandava o mercado, é uma questão de personalidade e postura, um Pais não precisa ser subserviente para ser respeitado pelos mercados: os comandantes das economias da Rússia, Índia e China não têm perfil "americanizado" e são respeitados pelo que são seus países como potências econômicas.
O livro clássico de Maria Rita Loureiro, "Economistas no Governo", explora esse filão da americanização da política econômica brasileira, é essa a maior devastação da colonização cultural que depois disso atravessou a ponte e passou a contaminar também o Direito, área tradicionalmente nacional na História brasileira, hoje também colonizada.
Os EUA souberam vender muito bem seus "cursos" para brasileiros basbaques, o Brasil é o País que mais manda alunos para universidades americanas (...). grandes universidades americanas têm ESCRITÓRIOS em São Paulo para atrair alunos-clientes, o Estado brasileiro chegou a pagar em um mesmo ano 10.000 cursos no exterior, alguns desses poderes "autônomos" pagam seus membros para cursos infindáveis, um emendado no outro: pagam o curso e mantêm o emprego e salário no Brasil; aí os alunos voltam catequizados contra o Estado que lhes pagou o curso.
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