sexta-feira, 12 de maio de 2017

27% DA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA AFOGADOS EM COMPROMISSOS BANCÁRIOS


Quase 30% da população mais pobre comprometem metade da renda com produtos financeiros

Por Bruno Bocchini

Estudo da Serasa Experian mostra que 27% da população de baixa renda, com ganhos de até R$ 2 mil, têm mais de 50% de seus rendimentos comprometidos com produtos financeiros, como cartão de crédito, empréstimo consignado, empréstimo pessoal, financiamento de automóvel, financiamento imobiliário e cheque especial.
Entre os brasileiros de alta renda, que recebem acima de R$ 10 mil, o percentual é de 13%.
Os dados foram divulgados no dia 9 de maio, no Recover Money 2017, evento que reúne, na capital paulista, economistas, especialistas, empresas do segmento financeiro e fornecedoras de serviços de recuperação. Os números levam em conta cerca de cinco milhões de consumidores que aderiram ao cadastro positivo da Serasa Experian.
“Se você pagar mais da metade do seu salário, da sua renda, apenas com produtos bancários, como você vai pagar as outras coisas? É uma situação difícil, e 27% dessas pessoas têm grande chance de não conseguir pagar isso, e entrar na lista dos inadimplentes. O ponto é tentar rapidamente regularizar, procurar uma taxa de juros mais baixa para evitar problemas futuros”, destacou Julio Guedes, diretor da Serasa Experian.
Segundo o levantamento, a maioria (69%) dos brasileiros negativados tem renda de até R$ 2 mil. Eles estão, principalmente, em débito com o banco ou cartão de crédito (39%), seguido por financeiras (13%), empresas de serviços (12%), varejo (9%), água, energia e gás (9%), e outros (18%).
“A gente acaba tendo muitas situações em que o brasileiro tem acesso ao crédito e depois não consegue pagar, porque os juros ficam muito altos, o que torna mais difícil pagar. Houve uma redução do rendimento do brasileiro e os juros não caíram na mesma proporção”, acrescentou Guedes.
Segundo os dados, cerca de 40% dos brasileiros de baixa renda têm acesso ao cartão de crédito. A proporção é de 51% para os de alta renda. No cheque especial, a porcentagem de acesso é de 12% para os de baixa renda e de 18% para os de alta. O cartão de crédito e o cheque especial são os dois principais produtos bancários utilizados tanto pelos clientes de baixa renda como pelos de alta.  -  (Fonte: aqui).
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Há quem se depare com quadros como os acima descritos e conclua: problema deles, todos têm o livre arbítrio. Elementar. Mas... e quando a chamada cultura bancária dos devedores é insuficiente para embasar uma politica pessoal de planejamento financeiro? Quantos dos devedores estão 'voando' sobre os efeitos produzidos pelos chamados encargos financeiros (juros, tarifas, taxas de serviço etc)? E quantos foram jogados na rua da amargura do desemprego na plena vigência das obrigações sob sua responsabilidade? Indo para as gerações futuras: quantas crianças recebem, em suas escolas, orientações sobre educação financeira?

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