A soberba no pleito norte-americano
Por Diogo Costa
ERROS CRASSOS DE ESTRATÉGIA DETERMINARAM A VITÓRIA DOS REPUBLICANOS - Neste ano tivemos a 58ª eleição periódica e consecutiva nos Estados Unidos. Em linhas gerais o sistema eleitoral deles é o mesmo há quase 230 anos.
Triunfa quem vencer no colégio eleitoral independentemente do número de votos populares (no último pleito Hillary Clinton abriu mais de 2,2 milhões de votos de vantagem sobre Trump e perdeu).
Se nenhum dos contendores conseguir 50% + 1 dos votos no colégio eleitoral (atualmente um número de pelo menos 270 delegados) a eleição se decide através do voto na Câmara dos Representantes - Câmara dos Deputados. Isso só ocorreu uma vez na história, em 1824.
Nessas 58 eleições consecutivas, que ocorrem a cada quatro anos desde 1788, em apenas cinco oportunidades o vencedor do colégio eleitoral teve menos votos populares que o adversário. A saber:
1. Em 1824 com John Quincy Adams
2. Em 1876 com Rutherford B. Hayes
3. Em 1888 com Benjamin Harrison
4. Em 2000 com George W. Bush
5. Em 2016 com Donald Trump
2. Em 1876 com Rutherford B. Hayes
3. Em 1888 com Benjamin Harrison
4. Em 2000 com George W. Bush
5. Em 2016 com Donald Trump
Outra situação pouco conhecida é que em apenas três oportunidades o presidente eleito ganhou em menos estados que o seu concorrente:
1. John Quincy Adams em 1824
2. John Kennedy em 1960
3. Jimmy Carter em 1976
2. John Kennedy em 1960
3. Jimmy Carter em 1976
Ou seja, se Hillary Clinton tivesse vencido a última eleição ela teria se tornado apenas a quarta pessoa em toda a história a conquistar a presidência tendo vencido em menos estados que o outro candidato - Donald Trump venceu em 30 estados enquanto Hillary venceu apenas em 20 estados.
O que também não se diz é que nos 10 estados mais populosos dos Estados Unidos Hillary venceu somente em 3 (Califórnia, Nova York e Illinois) enquanto Donald Trump venceu em 7 desses estados: Texas, Flórida, Pensilvânia, Ohio, Michigan, Geórgia e Carolina do Norte.
Sendo curto e grosso se pode dizer que a derrota de Hillary, para além dessa e de outras análises, passou fundamentalmente pelo seguinte:
1. Derrota Democrata no estado de Wisconsin (algo que não acontecia desde 1984)
2. Derrota Democrata no estado da Pensilvânia (algo que não acontecia desde 1988)
3. Derrota Democrata no estado de Michigan (algo que não acontecia desde 1988)
2. Derrota Democrata no estado da Pensilvânia (algo que não acontecia desde 1988)
3. Derrota Democrata no estado de Michigan (algo que não acontecia desde 1988)
Hillary perdeu no Winconsin por rarefeitos 25 mil votos. Perdeu na Pensilvânia por escassos 68 mil votos e perdeu em Michigan por ridículos 10 mil votos.
Se tivesse vencido nesses três estados - Wisconsin, Pensilvânia e Michigan - teria vencido a eleição presidencial.
De que adiantou fazer uma estrondosa goleada na Califórnia, onde ganhou com quase 4 milhões de votos de vantagem? De que adiantou fazer uma belíssima e acachapante vitória em Nova York, onde ganhou com 1,5 milhão de votos de vantagem?
Hillary simplesmente não colocou os pés no estado de Wisconsin em nenhuma oportunidade durante toda a campanha!
Ela deveria ter intensificado ao máximo as visitas nesses três estados citados e essa omissão representou um erro estratégico e fatal. Bastava ganhar por um único e mísero votinho em cada um desses estados que a vitória no colégio eleitoral estaria garantida e a eleição presidencial, consequentemente, também.
Por subestimar estados e eleitores, que por décadas seguidas foram fieis ao Partido Democrata (Wisconsin, Pensilvânia e Michigan), Hillary perdeu o pleito presidencial.
De nada adianta ficar com reclamos e queixumes de que venceu no voto popular. Basta tirar, por exemplo, a Califórnia, e a vitória no voto popular passa a ser de Donald Trump com quase 2 milhões de votos de vantagem.
Vence por lá - é preciso repetir o que nunca foi uma novidade - quem conquista o colégio eleitoral e não adianta ficar chorando pois é assim desde 1788.
O fato incontornável é que Hillary montou uma péssima estratégia de campanha (outro fato é que Bernie Sanders teria vencido a eleição com grande facilidade mas isso está fora de questão).
Não tem outra explicação a não ser a soberba e o salto alto para compreender como a sra. Clinton conseguiu realizar a "proeza" quase que inacreditável de perder em três estados onde o Partido Democrata vencia consecutivamente desde a década de 80.
A verdade é que Hillary venceu no voto popular mas perdeu a eleição por pouco mais de 100 mil votos (soma da diferença pró Trump em Wisconsin, na Pensilvânia e em Michigan) em estados chave.
Teria feito melhor se não tivesse ido até Nova York e Califórnia, onde as vitórias retumbantes eram favas contadas, e se tivesse acampado onde de fato era preciso.
Trump nem se deu ao trabalho de ir até a Califórnia - ele venceu no colégio eleitoral porque soube investir onde era essencial. (Fonte: aqui).
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