Quem mais tem a temer em matéria de constrangimento são os ex-ministros e ex-aliados que abandonaram a presidente afastada e agora votam contra ela. É uma lista grande, que vai dos ex-ministros Marcelo Crivella e Fernando Bezerra a peemedebistas como Jader Barbalho e o próprio Renan Calheiros. Uma coisa é discursar e votar contra Dilma em sua ausência. Outra, é encarar a ex-chefe olhos nos olhos no plenário do Senado.
Mesmo entre adversários, haverá desconforto. O educado e cordial Antonio Anastasia, por exemplo, que enquanto governador de Minas sempre recebeu Dilma em sua terra com republicana elegância – e sempre foi tratado por ela com correção – estará, agora, no papel de algoz, como relator de sua cassação.
Entre os petistas também haverá constrangimentos. A aguerrida tropa de choque petista – Lindbergh Farias, Gleisi Hoffmann, Fatima Bezerra e a comunista Vanessa Graziotin – lá estará como sempre, mas a cúpula do partido não está tranquila. Lula, Rui Falcão e outros temem que, em seu derradeiro momento político, a presidente acabe por aprofundar suas divergências com o PT e exponha o partido. Para preservar sua própria biografia, Dilma pode atribuir muitas coisas aos petistas – o que, aliás, não seria mentira.
O certo é que, nos próximos sete dias, haverá muita gente tentando demover a presidente afastada de seu comparecimento ou criando obstáculos processuais e regimentais para isso.
Quem conhece Dilma de perto, porém, acha que vai ser difícil. É o último ato de uma presidente que quer preservar sua honestidade pessoal e sair de cabeça erguida."
(De Helena Chagas, no site 'Os divergentes', post intitulado "Decisão de Dilma de ir ao Senado constrange aliados, ex-aliados e adversários" - aqui.
Se Dilma Rousseff tivesse anunciado que não iria comparecer ao Senado, tal notícia teria repercussão zero: isso, para todos, seria o esperado, e todos, claro, estariam tranquilos. Quantas análises/posts o tema renderia? Como já dito: zero.
Enquanto isso, neste momento, quem sabe, está-se, nas redações, a discutir as alternativas de abordagem, ou não, do assunto nos informativos: ignorar? Arrumar um jeito de minimizar desde logo a iniciativa? Noticiar o fato em meio a uma avalanche de 'novas' denúncias, como, por exemplo, se observou quando da divulgação da carta da presidente aos senadores e aos brasileiros? Enfim: 'desconstruí-la' no nascedouro?...
Quanto à afirmação da jornalista, de que se trata de "ato final", "último ato" da presidente, pode ser, quem sabe?. Mas, quanto à de que representará um "ato de coragem", concordamos plenamente.
Mais sobre o assunto aqui).
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