sexta-feira, 12 de agosto de 2016

REVISITANDO O CONLUIO CUNHA PARCEIROS


Cunha e a fábula do burro falante

Por Fernando Brito

Diz a velha história que o homem chegou ao reino dizendo ser tão bom professor que até a um burro ensinava a falar. O rei mandou indagar-lhe se era verdade e se o faria por ordem real.
O homem confirmou e impôs condições: estábulo para o burro no Palácio Real, aposentos suntuosos e concubinas para si e uma bolsa-burro de mil patacas de ouro a cada mês. E prazo, porque  o burro, como sabia Sua Alteza, era burro e, sendo assim, era preciso um tempo longo, dez anos, para que o bichinho passasse a fluir no idioma reinol.
O rei concordou com tudo, mas disse que, se ao final dos dez anos, o quadrúpede não falasse, o pescoço de seu professor seria cortado nas escadarias do Palácio Real.
Trato feito, o “professor” da fábula – ao contrário dos da vida real – passou a desfrutar do bom e do melhor, embora não descuidasse de, todos os dias, falar pausada e silabadamente algumas palavras ao burro.
Até que um dia um rapazote, cavalariço que sempre assistia a cena, resolveu interpelar o “professor”, dizendo que todos sabiam que o burro não falaria.
-Meu jovem, disse o charlatão, não existe o possível e nem  o impossível. Só o tempo é que existe, e é o tempo que mostra se as coisas se realizam ou não. Neste caso, o prazo me auxilia.
-Mas daqui a dez anos o senhor será degolado nas escadarias do palácio!
– Rapaz, daqui a dez anos são imensas as possibilidade de que o rei, eu ou o burro, um dos três esteja morto e nada do que se disse terá valor.
A cassação de Cunha – agora a Folha o descobre – ficará para “novembro”.
Ou, na prática, para as calendas, como há dois dias se observou aqui ao ver Rodrigo Maia acertar-se com Temer para “marcar” para uma esvaziada segunda-feira de setembro a votação na qual supostamente Cunha seria cassado.
Setembro não tem quorum, menos ainda em outubro, mês das eleições, em novembro a pauta estará cheia e dezembro é Natal e o espírito natalino proíbe estes espetáculos.
Caminhamos para ficar sem a Presidenta honesta e eleita e com o ladravaz que providenciou a sua deposição.
Por medo, muito medo, que o burro nada burro desta história, afinal, pudesse falar. (Fonte: aqui).
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Parafraseando filosofice atribuída ao notório Fernando Collor em priscas eras, 'o tempo é o senhor da esperteza e da impunidade'.
Nota: "Caminhamos para ficar sem a Presidenta honesta e eleita e com o ladravaz que providenciou a sua deposição.", observa Fernando Brito, cujas palavras fazemos nossas - sem esquecer de remeter a atenção do leitor para o post "A grosseria gratuita de Cármen Lúcia", do jornalista Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo - AQUI 

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