quarta-feira, 11 de maio de 2016

O QUE DIZ O EL PAÍS SOBRE O GOLPE


"Um processo irregular - A maneira pela qual se tenta destituir Dilma Rousseff não nega suas graves acusações contra a oposição brasileira.

O caos institucional em que o Brasil está afundado, cuja máxima expressão é o irregular processo de impeachment contra sua presidenta, Dilma Rousseff, está colocando o país nas últimas horas em uma incerteza inconcebível na maior democracia sul-americana. E não contribui precisamente para negar as graves acusações feitas por Rousseff e seus colaboradores mais próximos, que culpam a oposição de ter forçado até além do aceitável em uma democracia os limites do Estado para afastar do poder a presidenta em uma espécie de golpe constitucional.

Na quarta-feira estava prevista uma votação no Senado – por decisão pessoal de seu presidente – para ratificar o impeachment contra Rousseff, mas o Governo entrou com um recurso na terça-feira. Trata-se do toque final na confusão gerada desde que Waldir Maranhão, acusado de corrupção e desde quinta-feira presidente da Câmara dos Deputados – onde, sob outro presidente, afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal, já se havia votado a favor da destituição –, ordenou na segunda-feira anular todo o processo. Mas o presidente do Senado, Renan Calheiros, recusou-se a obedecê-lo e prometeu seguir em frente com a votação. Horas mais tarde, Maranhão se retratou e deixou o caminho livre à votação.
Enquanto o Brasil afunda na recessão, a oposição usou o Congresso para transformar uma acusação de caráter político – uma má gestão do orçamento – num processo previsto para casos penais. As sucessivas investigações não conseguiram provar a participação da presidenta na corrupção que afeta o seu partido, mas o abandono de vários de seus parceiros de Governo a colocou numa situação muito difícil.
Essa crise institucional suscita dúvidas mais do que razoáveis sobre a legitimidade que teria um novo presidente depois de um processo tão pouco habitual. O Brasil não pode se permitir semelhante espetáculo. O dano causado é incalculável."


(Editorial desta data do jornal espanhol El País, um dos mais influentes da Europa, sobre o 'golpe constitucional' ora perpetrado no Brasil, post intitulado "Um processo irregular" - AQUI. O editorial nada traz acerca de eventual iniciativa dos doutos patrocinadores do 'golpe constitucional' consistente na mudança do regime vigente no Brasil, de presidencialista para parlamentarista - com produção de efeito retroativo -, condição indispensável para que o que se está a observar neste sofrido país possa afastar o qualificativo GOLPE, independentemente do resultado da votação do impeachment tanto na Câmara como no Senado). 

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