Os Estados Unidos e as 'causas' internacionais
Por André Araújo
Um subproduto da crença no "DESTINO MANIFESTO", que é a essência da formação histórica dos Estados Unidos como nação mais poderosa do mundo, é a apresentação ao mundo de "causas" morais das quais os EUA são porta-bandeira e através dessas causas conquistam alianças e adesões de pessoas, organizações e países como se fossem os porta-vozes de causas de toda a humanidade.
Nesse mister os EUA jogam um papel de império civilizatório herdado dos seus antepassados ingleses. A Inglaterra quando formou seu império, que ocupava 1/4 da área terrestre do planeta, tinha como justificativa moral ser um poder civilizatório perante povos primitivos, portanto a Inglaterra não era uma "exploradora" mas sim uma "civilizadora" desses povos.
Trocando épocas e palavras, os EUA seguem o mesmo modelo. Se apresentam como portadores de virtudes porque defendem "causas" universais e em nome disso se julgam merecedores de uma espécie de CARTA PATENTE da humanidade para fazer coisas que a outros países não se permitem, só aos Estados Unidos.
Entre essas "causas" estão direitos humanos, combate à corrupção, proteção às mulheres, combate à tortura, primazia da justiça acima do arbítrio, proteção aos desvalidos, acolhimento aos refugiados.
Em nome dessas "causas" convidam jovens com potencial de liderança para cursos e doutrinação nos EUA para que, retornando a seus paises, se tornem pregadores dessas causas virtuosas.
Essa é a mensagem oferecida aos crentes, mas há um outra história por trás da primeira.
O interesse do ESTADO às vezes coincide e às vezes se cotrapõe ao interesse de uma causa. Quando isso acontece, e essa parte não se ensina nos cursos de liderança que oferecem, PREVALECE O INTERESSE DO ESTADO SEM HESITAÇÃO, sempre defendido com todas as forças.
Os Estados Unidos superpõe de forma brutal o interesse do ESTADO AMERICANO acima de qualquer causa, por mais humanista que seja. E isso tem uma lógica também universal, o interesse do ESTADO é sempre mais alto que o interesse da causa.
O ESTADO é um ente aético, amoral, que se guia não por valores mas por interesses definidos e práticos. Essa é a História da Humanidade conhecida, é a historia das guerras e dos conflitos. O Estado pode ser corrupto, violento e criminoso.
Um exemplo é o campo da espionagem, onde Estados operam fora de qualquer regra moral, podem subornar, assassinar, chantagear, torturar. As prisões de Abu Ghraib em Bagdah e Guantánamo em Cuba são um exemplo.
A JUSTIÇA é um interesse de causa, não de Estado. Se o Brasil se guiasse por esses princípios jamais a Operação Lava Jato poderia existir porque ela se apresenta em nome da Justiça mas agride o Estado, ao destruir importantes empresas estratégicas, ao queimar a imagem internacional do País, ao entregar pecados do país a Governos estrangeiros que irão nos processar, ao provocar desemprego em massa, ao detonar setores econômicos e tecnológicos inteiros
Os EUA são o maior exemplo na História contemporânea da prevalência do ESTADO sobre causas. Episódios criminosos como IRÃ-CONTRAS, onde, por delegação na pessoa de laranjas, o Estado americano praticou tráfico de armas, de drogas, lavagem de dinheiro em larga escala, ou como na invasão da Sicília em 1943 quando o Estado americano fez acordo com a Máfia, ou na aliança tácita com cruéis e ultra corruptos ditadores como Somoza, Machado, Batista, Trujillo, Perez Gimenez, ou nos acordos secretos em abril de 1945 com o General SS Karl Wolff para a rendição de um milhão de soldados alemães no norte da Itália em troca de proteção pessoal ao nazista, 2º homem na hierarquia das SS, ou na criação do Banco do Vaticano em 1946 para financiar a Democracia Cristã na Itália.
Os Estados Unidos não têm amigos, têm interesses, como já disse um célebre Secretario de Estado americano.
Isso não ensinam nos cursos de liderança no Departamento de Estado, só ensinam como é bom servir a causas.
Entre 1880 e 1900, 10.000 pastores protestantes americanos pregaram na China; o objetivo seria religioso? Era político. Dessa missões saiu a família Soog, que dominou a China por toda a República. De 1911 até 1949, quando Mao Tse Tung os expulsou da China, incluindo o Generalíssimo Chiang Kai Shek, esposo, cunhado e genro de Soogs, chineses que pensavam como americanos, deixando para trás outra Soog que era um dos cinco membros do Politburo do Partido Comunista Chinês, irmã de Madame Chiang Kai Shek, toda essa operação tinha por trás uma "causa".
Agora em nome de uma "causa" os EUA reconquistam o Brasil. Parabéns à sabedoria e astúcia do Império Americano. (Aqui).
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