"Há um clichê sobre Dilma que deve ser rebatido.
Muita gente diz ser contra o impeachment, embora Dilma seja ruim, péssima, incompetente etc.
Falta reflexão a este tipo de consideração.
Dilma sequer teve a chance de ser uma má governanta. Nem saíra o resultado da eleição e ela começou a ser sabotada brutalmente.
Uma aliança imediata entre Aécio e Cunha no Congresso inviabilizou qualquer iniciativa de Dilma.
A mídia se dedicou a desestabilizá-la desde antes da vitória nas urnas. Na véspera da eleição, a Veja deu uma capa que afirmava que um delator dissera (que) Dilma e Lula sabiam de tudo no escândalo da Petrobras.
Era mentira, era crime jornalístico, ficaria demonstrado quando se soube do teor da delação invocada pela Veja.
Mas a revista saiu impune deste que pode ser classificado como o marco zero no processo de desestabilização do governo pela imprensa.
A Globo com suas múltiplas mídias logo passou também a fazer uma guerra aberta contra Dilma.
O Jornal Nacional se transformou numa Veja eletrônica. Protestos contra o governo e pelo impeachment começaram a ser promovidos descaradamente pela Globo. O objetivo era dar a impressão – falsa, como se vê hoje – de que o país estava unido contra o governo.
A cobertura das operações da Lava Jato foi um capítulo à parte na tentativa da Globo e o restante da mídia em derrubar Dilma.
A crise econômica mundial foi ignorada. Os problemas nacionais foram tratados como se fossem uma coisa apenas do Brasil. Éramos, segundo a imprensa, patinhos feios em meio a cisnes maravilhosos em todo o mundo.
A pergunta que faço, diante de tudo isso, é: como governar?
Não dá. Simplesmente não dá. Já é difícil administrar um país quando você não é boicotado todos os dias e todas as horas. Quando é, fica impossível.
Qualquer pessoa que tenha ocupado uma posição executiva numa empresa sabe do que estou falando. Você não consegue fazer nada, numa companhia, se a seu redor conspiram incessantemente contra você.
Acabou acontecendo uma coisa patética. Os golpistas paralisaram o país, e não se pejaram em colocar a culpa da paralisação em Dilma. Foi o triunfo do cinismo. Eu imobilizo você. E depois o acuso de não se mexer.
Steve Jobs não conseguiria administrar o Brasil nas circunstâncias enfrentadas por Dilma no segundo mandato.
Se fôssemos um time de futebol, Guardiola fracassaria se submetido a uma situação como a de Dilma.
Repito: ela sequer teve a chance de ser ruim no segundo mandato.
Isso tudo quer dizer o seguinte.
Não é apenas injustiça acusar Dilma de inépcia. É ignorância."
(De Paulo Nogueira, post intitulado '"Em defesa de Dilma", publicado no blog de que Nogueira é titular, o Diário do Centro do Mundo - AQUI.
Faltou dizer que, além do boicote às iniciativas governamentais, a sucessiva aprovação de pautas bomba por Eduardo Cunha encarregou-se de acentuar o desgaste da administração Dilma.
Dilma Rousseff, que sancionou as leis que conferiram à Operação Lava Jato a dimensão que se constatou - a exemplo de, fato inédito na História do Brasil, a Justiça poder passar a PUNIR a figura do CORRUPTOR, traduzida em empreiteiras e que tais, bem como admitir a COLABORAÇÃO PREMIADA - teria incorrido, no entender dos diversos parlamentares encalacrados e de seus solidários parceiros, no brutal 'erro' de nada fazer em defesa deles: após reeleita afirmou, em entrevista, que a Lava Jato iria fluir plenamente, "doa em quem doer". É como se os parlamentares indagassem: "Ora, por que apoiar uma presidente que nada faz para nos ajudar?!"
Não à toa, especula-se, presentemente, sobre o fim da Lava Jato...).
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