sexta-feira, 4 de março de 2016

DIÁLOGO TRANSCENDENTAL



- A suposta delação delcidiana teria se desenrolado ao longo de três dias...

- É o que consta.

- Teria sido a vingança de Delcídio pelo fato de o governo nada ter feito para aliviar a situação dele quando ele estava trancafiado em razão de malfeitorias praticadas, confessadas e gravadas.

- Exato.

- E o governo não fez nada...

- Se há algo inquestionável é o fato de o Planalto haver se comportado de forma absolutamente republicana no que diz respeito à Lava Jato. A própria força-tarefa da operação confirma isso.

- Mas se o governo estivesse mesmo envolvido em práticas delituosas, a ameaça feita pelo presidiário Delcídio teria surtido efeito: o governo, desesperado, faria o possível e o impossível para aliviar a barra do senador, mantendo-o de boca fechada.

- É o que diz a lógica.

- Entretanto, nada fez. Manteve a postura republicana.

- Isso.

- Tal atitude me parece um razoável sinal de postura correta, típica de quem pode não ter culpa no cartório. A mídia, porém, não pondera coisa alguma: atribui imediatos e definitivos foros de verdade a cada uma das acusações, revogadas desde logo quaisquer presunções de inocência.

- É, velho filósofo grego dizia que a verdade é a primeira vítima da guerra. Isso não vale nessas plagas: aqui, onde se desenvolve guerra sem fim, enquanto a economia se arrebenta, a verdade está vivinha, virou rótulo e, a priori, tem lado.

- Como dizia o grande João Saldanha, vida que segue.

- É, vida que segue.

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