terça-feira, 15 de dezembro de 2015

CATILINÁRIAS NA ORDEM DO DIA


"O PMDB e o vice-presidente da República, Michel Temer, tiveram todas as oportunidades para se distanciar do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha. No dia 20 de agosto, Rodrigo Janot apresentou denúncia ao STF e decretava ali o fim da linha para Cunha.

Naquele momento, o PMDB e o vice-presidente da República tinham como sugerir ao aliado que se afastasse da presidência da Casa e aguardasse a investigação. Se agissem dessa forma, não permitiriam que ele passasse a usar seu cargo apenas com o objetivo de se defender. E que ao fazer isso colocasse o país refém de uma questão pessoal, que passava por buscar derrubar Dilma para tentar segurar a Operação Lava Jato.

Ao invés disso, Temer apostou que agora tinha um aliado incondicional e disposto a qualquer coisa por ele. E que a crise institucional poderia lhe presentear com a presidência da República. Feita as contas, atuou para preservar Cunha e utilizá-lo enquanto fosse possível para constranger o governo e a presidenta.

Entre os tantos sinais de Temer a favor de Cunha estão o de nunca ter feito uma declaração colocando em questão a forma como o presidente da Casa agia em relação ao Conselho de Ética. O apoio à manobra que mudou a forma de escolha dos membros da comissão que iria analisar a abertura do processo de impeachment da presidenta. E a destituição do líder do partido Leonardo Picciani (RJ) e a sua substituição por Leonardo Quintão (MG).

Essa última ação, que inclusive tem tido continuidade com a provável antecipação, do Congresso do PMDB com o objetivo de se afastar do governo, foi parte do acordo entre Temer e Cunha.

A operação Temer presidente se desmoraliza completamente com essa ação da PF autorizada pelo Supremo.

O PMDB, que planejava se tornar um partido mais forte nessas eleições municipais e ainda herdar a presidência da República, também sai bastante enfraquecido.

Essa operação, que tem como principais alvos filiados ao partido, entre eles os ministros dois ministros do partido, Henrique Eduardo Alves e Celso Pansera, pode levar a algo que já se desenhava com o afastamento de Picciani. Um racha só comparado ao que viveu em 1988, quando foi criado o PSDB.

Na semana passada já se iniciavam conversas neste sentido entre lideranças do partido que estavam constrangidas com a ação de Cunha. Isso só tende a crescer se depois deste episódio Temer e outras lideranças decidirem defendê-lo.

Temer, que se comportava como presidente da República na semana passada, a partir dessa ação que torna seu partido o maior alvo da operação Lava Jato passa a ficar do tamanho de Cunha. E terá imensas dificuldades em continuar sendo o grande operador e beneficiário da ação do impeachment de Dilma. Como vinha fazendo nos últimos dias.

Já o governo ganha uma chance. E isso passaria por se livrar do PMDB que o chantageia, e abrir espaço para outros partidos e para construir uma nova base. Mas o governo de Dilma vai demorar muito tempo para decidir isso. E como sempre, quando decidir o tempo já será outro. Porque o tempo da política não admite atrasos."







(De Renato Rovai, em seu blog, post intitulado "Ação da PF na casa de Cunha desmoraliza Temer e o PMDB" - aqui.

Procedi a pequeníssimas alterações no texto, para facilitar a leitura.

No mais, um certo alento diante da aprovação, pelo Conselho de Ética da Câmara, da admissibilidade do processo de julgamento do notório Eduardo Cunha, que, por volta do meio dia de hoje, 15, insiste em se manter presidente da Casa - e com certeza está a preparar reação espetaculosa, à altura dos mais refinados fanfarrões).

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