É grave a crise para os bancos
Por Fernando Brito
O Banco Itaú anunciou hoje os lucros do terceiro trimestre de 2015: R$ 5,95 bilhões. Somados aos lucros do primeiro e segundo trimestres, os ganhos sobem a R$ 17,7 bilhões neste ano.
Semana passada , o Bradesco tinha soltado seus resultados, mais “modestos”: R$ 4,12 bilhões. Na soma dos três trimestres do ano, R$ 12,81.
Os dois, Itaú e Bradesco, têm pesadas dívidas com a Receita Federal, cuja cobrança se arrasta em recursos e processos.
E olhem que na semana passada o presidente do Bradesco, Luís Trabuco, disse que o reajuste dos salários dos bancários, então em greve, “desafiava a rentabilidade do setor bancário”.
Segundo a BBC, “o lucro conjunto dos quatro maiores bancos cresceu 46% no primeiro semestre deste ano ante o mesmo período de 2014″ e vai passar disso no trimestre encerrado em setembro.
Grande engano vai cometer quem achar que isso vem do que deveria ser a atividade dos bancos no mercado, emprestar dinheiro ao público. Um naco imenso disso vem dos juros pagos pelo Tesouro brasileiro, pelos títulos que o setor bancário tem em tesouraria e depósitos compulsórios, que são remunerados, exceto sobre os depósitos à vista, que não remuneram o cliente mas geram um imenso caixa operado no mercado.
É dura a crise para quem, cara-pálida? (Fonte: aqui).
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"Um naco imenso disso (do lucro) vem dos juros pagos pelo Tesouro brasileiro...".
O articulista tocou num dos pilares cruciais dos lucros monumentais dos bancos: os ganhos de tesouraria. Tais ganhos decorrem da rolagem da dívida pública brasileira, cujo total bruto ultrapassa 65% do PIB. Parte significativa desse montante tem de ser 'rolada', e quem banca essa rolagem são os rentistas em geral, com destaque para os bancos (daí os 'ganhos de tesouraria'). Ainda em abril, noticiou-se que a dívida pública pode chegar a R$ 2,6 trilhões no fim deste ano (AQUI). As taxas de juros incidentes sobre esse montante variam de acordo com o seu perfil (parcelas de curto prazo, médio prazo etc, e seus respectivos encargos financeiros), mas, independentemente de esse total ser alcançado ou ultrapassado, há a certeza de que o Brasil pagará uma fortuna a título de juros, dinheiro que traria benefícios altamente positivos para saúde, educação, segurança etc...
Mas... desde quando vem essa dívida, há quantas décadas se acumulam os valores devidos? Qual a sua composição? Como cada 'pedaço' se originou? Quantas auditorias foram realizadas para comprovar sua consistência? Quem são os credores dessa dívida estratosférica? Como diria o outro: Boas perguntas...
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