segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O LUCRO DOS BANCOS NUM CENÁRIO CONTRASTANTE


"Na esteira da recessão violenta que está batendo recordes de desemprego, parada de investimentos, lojas vazias, paralisia da indústria, surge o espantoso crescimento do lucro dos bancos EM PLENA CRISE.

No 2º Trimestre de 2015, terminado em junho passado, o Bradesco cresceu seu lucro em 16,36%, quando o PIB regride em quase 2%. O Itaú cresceu 16,98% e o Santander 18,59%.

Como se explica? A política de alta da taxa SELIC, pela qual são remunerados os depósitos compulsórios recolhidos no Banco Central é uma das explicações. POR QUE REMUNERAR O COMPULSÓRIO? O recolhimento em vez de uma correção do excesso de liquidez passa a ser um ótimo negócio para os bancos e um absurdo gasto para as finanças públicas.

Considerando uma base de R$ 400 bilhões no compulsório (oscila entre 360 e 400 bilhões) os bancos vão receber do BC R$ 55 e 58 bilhões de juros, pagos pela população brasileira.
Pior ainda, como o compulsório é muito bem remunerado, desestimula os bancos de emprestar à industria e ao comércio.

Para que correr riscos, se o BC, com risco zero, paga tanto?

Alguém viu o "mãos de tesoura"  Joaquim Levy tocar no assunto?  Está aí uma despesa pública monumental.

Entre os juros do compulsório e o custo dos swaps cambiais que vê chegar a R$ 130 bilhões este ano - diferença entre o valor recebido em reais pela venda de dólares e o valor do dólar na hora da entrega -, o BC vai custar ao Tesouro quase R$ 200 bilhões em 2015. E o Levy correndo atrás de quirelas na Educação, Saúde e cortando quase todo o PAC.

É isso que dá Ministro da Fazenda empregado de banco.

Enquanto isso os esplendorosos lucros dos bancos são um INSULTO aos milhões de desempregados no Brasil."




(De André Araújo, no Jornal GGN, post intitulado "O espantoso lucro dos bancos" - aqui.

Sem dúvida, o contraste entre o estágio atual da economia e o lucro dos bancos causa profunda estranheza. Mas o fato é que a matéria é para lá de complexa, e a contingência, ao final, pode ser compreendida. Uma faceta: os bancos são os principais agentes da rolagem da dívida pública brasileira; sem ela, a contínua rolagem, nada feito, mas o problema é que a moeda de troca - os juros impostos por eles - são escorchantes. Os bancos são os maiores rentistas do sistema; a dívida pública, por sua vez, é a triste sombra que persegue o Brasil desde a Colônia, o Império, a República Velha, e por aí vai. É a saúva implacável. E quando o país atravessa momentos de dificuldades, mesmo que momentâneas, aí mesmo é que ela age implacavelmente).

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