segunda-feira, 27 de julho de 2015

QUANDO O INTERESSE NACIONAL PARECE NÃO INTERESSAR


Destruição política de empresas: o caso Panair

Por André Araújo

Novo livro sobre a saga da Panair do Brasil, companhia aérea que representava a bandeira do Brasil em linhas para todo o mundo, inclusive Atenas, Beirute e Cairo. A Panair nasceu como subsidiária da Pan American, mas tornou-se independente depois da guerra e criou um padrão de qualidade, organização e abrangência nacional e internacional jamais igualado; uma companhia padrão internacional, seus pilotos eram disputados pelo mundo.
A Panair foi politicamente destruída, de propósito, por uma visão caolha do regime militar. A implicância veio porque o maior acionista da Panair, Mario Wallace Simonsen, era amigo do presidente deposto João Goulart.
O caso Panair é um clássico exemplo de uma empresa que foi atacada pelo Poder e deixou de existir por causa dessa ação. Foi predecessora do caso das 29 empresas atacadas pela Operação Lava Jato, as quais estão sendo deliberadamente destruídas em nome da justiça, como se outros valores tão ou mais importantes não estivessem em jogo, o principal dos quais é o INTERESSE NACIONAL, que diz respeito à população de hoje e às gerações futuras.
A Panair do Brasil era um capital do País, como toda grande empresa.  Não era só um negócio privado, era também a bandeira do Brasil no exterior. Suas lojas eram verdadeiros consulados do País, lojas grandes e espaçosas com jornais diários do Brasil, café do Brasil; brasileiros usavam como ponto de encontro e endereço de correspondência.
Seus aviões Constellation eram, na época, os mais modernos no mundo aeronáutico e suas tripulações eram o top da aviação nacional e internacional. Era realmente uma das mais conhecidas empresas aéreas do planeta, suas rotas até hoje não foram igualadas, nenhuma linha aerea brasileira vai hoje a Atenas, Beirute ou Cairo.
A Odebrecht é a 8ª construtora do mundo, no ranking da respeitada revista ENGINEERING NEWS RECORD, que anualmente faz a lista das 250 maiores construtoras globais. Grande parte dessas maiores construtoras no ranking são hoje de países emergentes, coreanas, chinesas, indianas, indonésias, turcas, malaias, paquistanesas, árabes.
Nenhuma delas jamais foi submetida a um ataque tão violento como se faz no Brasil contra as maiores construtoras nacionais. A Lava Jato vai, aliás já conseguiu em vários casos, DESTRUIR o setor nacional de construção de obras públicas em nome da santidade e da pureza no mundo dos negócios de construção.
Muitos bem pensantes respondem: "Ah, mas as médias empresas agora podem ocupar esse lugar ou que venham as entrangeiras". Afirmações de completos desconhecedores do tema.
As grandes empreiteiras são INTEGRADORAS de mão de obra, de centenas de fornecedores, de prestadores de serviços subcontratados, elas conhecem o terreno geológico brasileiro, conhecem a nossa mão de obra, nossos materiais, o tipo de projetos de engenharia que se adequa ao Brasil. Uma ponte americana é completamente diferente de uma ponte do mesmo tamanho no Brasil. As características de solo, os materiais, o tipo de projeto são próprios de cada País. Uma estrangeira levaria décadas para entender todo esse know how doméstico, as médias não tem a curto prazo capital e corpo técnico para rapidamente assumir grandes obras públicas de infra estrutura.
O Brasil, em nome de uma visão justiceira menor, está destruindo CAPITAL NACIONAL que não é só dos donos das construtoras, é também do País; grandes empresas em qualquer País são PATRIMÔNIO NACIONAL, por isso são defendidas com vigor por seus governos. Mas e a propina? Era o MODELO DE NEGÓCIOS corrente, o empresário se adapta às circunstâncias para ganhar contratos. Todas as construtoras dos países emergentes operam dentro das circunstâncias. Obras públicas no Oriente Médio, na Ásia, na África no geral carregam propina. Vamos acabar com nossas empreiteiras, que ficaram queimadas no mercado internacional pela escandalização das prisões mas as empreiteiras de paises emergentes vão continuar a operar do mesmo jeito, agora sem a concorrência das brasileiras, destruídas em nome da moral e dos bons costumes por um Poder que também tem seus pecados e que não são poucos. O Tribunal Federal do Rio está fazendo um rodízio diário de juízes para duplicar os salários, o juiz finge que muda de Vara e ganha um adicional, todos os juízes estão fazendo esse troca troca para aumentar os ganhos, o caso foi reportado em matéria de meia página na imprensa, com todos os detalhes e tudo fica por isso mesmo.
O que no caso Panair e no caso das empreiteiras não foi e não está sendo defendido é o INTERESSE NACIONAL, que está acima da justiça, da moral e outros valores individuais. Como os demais grandes países operam pelo guia do INTERESSE NACIONAL, os países que desprezam esse objetivo estão fadados à mediocridade e à decadência.
A Odebrecht levou 40 anos para ganhar o mercado internacional. Os sacristãos da força tarefa liquidaram com esse capital em nome da santidade dos negócios, algo que o mundo desconhece. Seremos os únicos coroinhas no bordel das grandes empreiteiras em disputa de obras pelo mundo. Não teremos contratos mas poderemos nos orgulhar da pureza de nossas empreiteiras, purificadas no altar de Curitiba, no Estado menos corrupto do Brasil. (Fonte: aqui).
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Para ler "PANAIR, um caso que ninguém pode esquecer", de Daniel Leb Sasaki, clique aqui.
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A impunidade é abominável, ponto. O que não me impede de raciocinar, a partir de escândalo de proporções monumentais estourado em 2008/9, que motivou crise econômica mundial cujo impacto somente encontraria paralelo na Grande Depressão dos anos 30 do século passado:  

a) grandes bancos americanos foram os principais agentes 'deflagradores' da tal crise;  b) a crise provinha basicamente de hipotecas fraudulentas (valores artificialmente inflados), cujos títulos eram posteriormente negociados sob a forma de derivativos (aumentando ainda mais o bolo), tudo isso graças a uma legislação afrouxada em anos anteriores (incidindo, por exemplo, no disciplinamento de bancos comerciais e bancos de investimento);   c) os bancos e respectivos dirigentes, portanto, deveriam ter sido mandados para as cucuias, mas o governo americano seguiu caminho 'surpreendente': mandou injetar capitais (sob a forma de empréstimos especialíssimos) para cobrir os rombos de cada banco, medida responsável pela preservação do sistema, ou seja, da 'ordem econômica' (os empréstimos foram/estão sendo resgatados pelos bancos; além disso, foram pagas pesadas multas por bancos e banqueiros/dirigentes);  d) a pergunta que se faz: Por que o governo americano agiu assim? A resposta que se obtém: Porque falou mais forte o INTERESSE NACIONAL. 

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