sexta-feira, 31 de julho de 2015

OS EUA E A SUPREMACIA DO INTERESSE NACIONAL


Como se faz uma potência: o caso Von Braun

Por André Araújo

Ao fim da Segunda Guerra a Alemanha desenvolveu armas novas e altamente destrutivas impulsionadas por foguetes, as bombas voadoras V-1 e V-2. O pai dessas armas foi o Major SS Werner von Braun, cientista e nazista, que desenvolvia projetos bélicos durante toda a Segunda Guerra.

As armas foram produzidas com trabalho escravo de trabalhadores russos e judeus do campo de Mittelbau-Dora. Se Von Brau não despertasse o interesse dos EUA seria julgado culpado no Tribunal Internacional de Crimes de Guerra de Nuremberg, onde TODA a SS foi declarada criminosa, além disso as bombas V-2 foram declaradas crimes de guerra porque matavam civis de forma indiscriminada, destruíram grande parte do centro de Londres matando milhares de civis.

Mas os EUA eram e são uma potência geopolítica; então sua lógica coloca a justiça em escala mais baixa do que o interesse nacional. O Major SS Von Braun teve seu passado apagado com borracha e resgatado pelo Exército que o enviou em 20 de setembro de 1945 para os EUA com seus colaboradores e  familiares, com ficha limpa, casa, comida e salário.

Alguns resmungos de Promotores (sempre eles) foram ignorados. O agora ex-Major SS tornou-se cidadão americano de 1ª classe; naturalizado americano em 1955, foi nomeado Diretor da Agência de Mísseis Balísticos do Exército dos EUA. Von braun foi o pai do Projeto Apolo, que levou o homem à Lua. Von Braun fundou e foi o primeiro Presidente do Instituto Espacial Nacional e ganhou o Prêmio Nacional de Ciência de 1975.

Na década de 70 Von Braun foi membro do Conselho de Administração da Daimler Benz, fabricante dos automóveis Mercedes Benz. Morreu em 1977, deixando esposa e três filhos. Von Braun teve intensa vida amorosa antes e durante a guerra, com muitas ligações e affairs.

Von Braun foi resgatado e purificado pelos EUA, assim como cerca de 12.000 nazistas dentro da Operação Paperclip.

Outro famoso foi o General Reinhard Gehlen, chefe da Inteligência do Exército alemão no Leste, que trabalhou para a CIA até o fim da vida, como Chefe do Centro de Inteligência para a Europa do Leste em Pullach, perto de Munich.

A lição dessas ações é que o objetivo de INTERESSE NACIONAL é superior à importância de se aplicar justiça a um indivíduo. O INTERESSE NACIONAL supera outros interesses, nessa escala a justiça tem pequeno peso. Interesses econômicos, geopolíticos e militares são mais importantes e, se necessário for, devem ser descartados em benefício do INTERESSE NACIONAL, que diz respeito à sobrevivência do País.

O Brasil evidentemente não tem nenhum interesse em ser potência; escolheu ser um cartório bem chinfrim. (Fonte: aqui).

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De fato, von Braun e milhares de outros cérebros foram assimilados de bom grado pelos EUA - que travavam disputa acirrada com a URSS pelo domínio mundial. Ou fariam o que fizeram, ou... 

No Brasil, o prolongadíssimo processo da Lava Jato está afetando de modo contundente segmentos econômicos estratégicos, como a indústria naval, e a tese de que as grandes empreiteiras podem ser substituídas por empresas menores não se sustenta, por motivos diversos. À morosidade processual se junta a objeção por parte do MPF à alternativa da celebração de acordos de leniência (muito embora tal objeção não tenha 'força de lei', felizmente). Mas, 'tudo bem': a morosidade processual se basta: seu potencial danoso está sendo demonstrado com folga. Diante do quadro desolador que se instala, o caminho, depois de a terra estar arrasada, seria o de abrir as portas a empreiteiras estrangeiras. Ao que analistas como André Araújo indagam: E o interesse nacional, como fica?

O caso, não há dúvida, é complexo - mas a indagação/preocupação do articulista é extremamente procedente.

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