quarta-feira, 11 de março de 2015
PAPA FRANCISCO CONDENA FINANCIAMENTO EMPRESARIAL DE CAMPANHAS POLÍTICAS
Até o Papa quer dinheiro das empresas fora das eleições. Só Gilmar Mendes e a mídia, não...
Por Fernando Brito
Pelo DCM, fica-se sabendo que a agência de notícias italiana ANSA noticia que o “papa Francisco defendeu que as campanhas eleitorais sejam financiadas com dinheiro público para evitar que “interesses” influenciem a atuação dos candidatos”.
- O financiamento da campanha eleitoral envolve muitos interesses, que depois cobram a conta. Evidentemente, é um ideal, porque é preciso de dinheiro para manifestos, para a televisão. Em todo caso, que o financiamento seja público. Eu, como cidadão, sei que financio esse candidato com essa exata soma de dinheiro; que tudo seja transparente e limpo”, explicou.
O Papa, como se vê, é obvio.
A nossa “moralista” mídia e o nosso “impoluto” conservadorismo não são, por hipócritas.
Esconde o “já vai pra um ano” do engavetamento da decisão já tomada pelo STF de proibir empresas de financiarem candidatos.
Camufla as declarações insólitas do Presidente da Corte, Dias Toffoli, de que ele, querendo, terá “todo o tempo” para manter na gaveta a decisão, sem esconder que deseja que o Congresso faça uma “conta de chegar” para preservar a turma da bufunfa como o grande cabo eleitoral do Brasil.
(Aliás, Tóffoli, o lento, foi rápido como um azougue para pegar uma vaga na Turma que irá julgar a lista do Janot, que coisa, não é?)
Mas é curioso que a grande mídia, até agora, tenha mantido silêncio sobre a opinião do papa sobre o tema que se está – para seu desgosto – discutindo aqui e que guarda total conexão com o que foi transformado no quase único problema nacional: a corrupção política.
O episódio, aliás, guarda uma boa lição aos marqueteiros de Dilma.
O papa não foi ao programa da Ana Maria Braga ou ao Jornal Nacional para dizer isso.
Disse a uma publicação da paróquia de La Carcova, uma favela de Buenos Aires, o que fez a jornalista italiana Stefania Falasca dizer:
"O Papa Francisco não respondeu aos jornalistas habituais, “de profissão”. Encurtou distâncias e respondeu diretamente ao povo da rua. Às pessoas nos subúrbios. Sim, porque quem fez as perguntas para o Papa foram os favelados da Villa La Carcova, uma dessas favelas intermináveis e infames de Buenos Aires."
O conteúdo, o conteúdo forte e concentrado, e não diluído por aqueles “mas, porém, entretanto” que, aqui no Brasil, são companhia obrigatória de qualquer ato ou declaração presidencial.
Este papa pode até dispensar as pompas. Mas não desce do trono, o que é a força de quem o ocupa. (Fonte: aqui).
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Mas o que fazer, se o STF, a despeito de estabelecer prazo para a duração da vista processual, não se dispõe a exigir do ministro eventualmente faltante o cumprimento de sua obrigação? O que fazer, se um ministro pode, por simples vontade, impedir o fluxo de um julgamento que já estava definido, como o atinente à inconstitucionalidade do financiamento empresarial de campanhas políticas, cuja votação apresentava o placar de seis a um a favor da proibição? O que fazer, se os demais ministros e a mídia se omitem diante do situação?
(O atual presidente do STF, Ricardo Lewandowski, funcionou como revisor da AP 470. Uma vez que o início do julgamento do chamado mensalão dependia da liberação da ação pelo revisor, ministros do STF e colunistas e editorialistas midiáticos fizeram insistentes cobranças públicas - algumas até salpicadas de ironias...).
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