sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O QUE SERIA INTERESSE NACIONAL

              Interesse nacional e Justiça: o caso do imperador Hirohito.

Interesse nacional e Justiça

Por Motta Araújo

Seguindo princípios seculares os Estados sobrevivem através de uma economia funcionando, sem o que não há empregos e comida. A produção e  garantia de sobrevivência se superpõem à beleza inspiradora das instituições cívicas, das grandes causas inspiradoras, dos movimentos da cidadania heroica; sem economia vira só teatro.

Belos parlamentos e  magníficos tribunais são inúteis quando há fome nas ruas e economia arruinada e paralisada.

Países sem meios de subsistência abrem mão da Democracia em troca de um poder forte e centralizado que por não perder tempo com justiça pode agir com mais eficiência em um horizonte visível. Foi o caso da Itália em 1922 e da Alemanha em 1933, que abraçaram o fascismo e o nazismo como reação a crises econômicas.

Princípios de justiça tem um peso menor do que o funcionamento da economia. Os povos aceitam menos justiça e mais alimento no prato. A Democracia não é, portanto, um valor absoluto, ela depende do atendimento anterior da subsistência da população; não há Democracia entre povos famintos e perambulando pelas ruas.

Em 1945 todos os princípios elementares de Justiça consideravam o Imperador Hirohito do Japão criminoso de guerra.

O establishment jurídico em Washington já preparava seu caminho para a forca, que se daria por sentença no Tribunal Internacional de Crimes de Guerra de Tóquio. O Tribunal de Tóquio condenou à morte 770 lideres e militares japoneses; a maioria das sentenças foi comutada para longas prisões.

E o Imperador Hirohito? Não só foi poupado como conservou seu trono e o papel de Chefe de Estado, mantendo a Casa Imperial no poder monárquico até hoje.

As razões foram de ordem prática. O Governador Geral do Japão, General Douglas MacArthur, precisava rapidamente relançar a (então arruinada) economia japonesa (...). Para esse esforço fundamental, manteve a estrutura politica e social do País, cujo eixo central era a figura do Imperador. Sacrificou-se a Justiça em nome da sobrevivência do País e de sua economia, o que era do interesse dos Estados Unidos. Um Japão desorganizado seria presa do comunismo soviético.

Às favas com a Justiça, Hirohito vem para nosso lado, o mesmo que assinou a declaração de guerra aos EUA.

Pelas mesmas razões os EUA nem sonham em introduzir democracia na Arábia Saudita. O reino é um grande fornecedor de petróleo para a Europa, zona de interesse dos EUA, e a exploração é essencialmente uma operação americana, embora a companhia de petróleo seja estatal, mas é na prática administrada pela Chevron.

Além disso, estão no Reino as duas maiores bases aéreas americanas fora dos EUA e os sauditas mantêm nos EUA mais de um trilhão de dólares de reserva monetária, quase tanto quanto a China.

Da mesma forma, quando a Alemanha foi vencida e ocupada em 1945, não havia só os 20 réus de Nuremberg como nazistas vivos, havia dezenas de milhares, praticamente todo empresariado alemão. Foram todos presos e processados?

Claro que não, se isso acontecesse, como iria ser reconstruída a economia alemã? Generais importantes do Terceiro Reich passaram para o lado dos Aliados, como von Manstein, Reinhard Gehlen, Hans Speidel (este fez a proeza de passar de Comandante alemão da guarnição de Paris, em plena Segunda Guerra, para Comandante das Forças Terrestres da OTAN dez anos depois, com sede em Paris).

Essa opinião não foi unânime em Washington; Morgenthau, Secretario do Tesouro, judeu, queria acabar com a indústria alemã e propôs uma Alemanha agrícola, o chamado Plano Morgenthau. Foi voto vencido: os EUA preferiram uma Alemanha poderosa como aliada.

Moral da História: é muito mais importante a economia funcionando e crescendo, garantindo empregos, do que colocar empresários na cadeia, por uma leitura exclusiva de Justiça; a Justiça é um valor, mas é menor do que o interesse nacional.

O clima nas empreiteiras é PAVOROSO, dois terços das mesas vazias, não estão pagando seus fornecedores grandes, médios e pequenos, estão demitindo em massa, os executivos presos, segundo me disse um colega de um deles hoje, estão destruídos, não servem para mais nada.

A Petrobras, segundo esse mercado, CONGELOU todos seus programas de investimentos, equipamentos quase prontos não devem ser entregues, esqueletos de plataformas, máquinas, navios ficam como estão, a Petrobras não compra, não paga e não recebe as encomendas, segundo a avaliação desse empresário, essa paralisia vai durar dois anos.

A Lava Jato continua e não tem tempo para acabar. Pode destroçar o País, mas parece mais importante a glória da Justiça do que a dura  realidade de uma nação rumando para o abismo. (Fonte: aqui).

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Penso que as providências em curso, no âmbito da Advocacia-Geral da União e Tribunal de Contas da União, envolvendo acordos de leniência (firmáveis com empreiteiras), podem, ainda, surtir efeitos positivos. Quanto aos interesses políticos que inspiram a Lava Jato, trata-se de realidade indisfarçável. Graças, também, à notável atuação da mídia parceira. (O autodeclarado corrupto  Barusco foi taxativo: declarou haver começado a receber propinas em 2007, cinco anos antes do início do governo Lula. Qual o marco inicial estabelecido pelos julgadores? O ano de 2004. Por quê?).

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