terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O CAUSO DO JUIZ ESMIUÇADOR DE ALMA


"É melhor rasgar logo a Lei Orgânica da Magistratura e a Constituição Federal.

Porque a partir do exemplo de Sérgio Moro, que elevou ao cubo o “animus escoiciandi” de Joaquim Barbosa, não existem mais.

O que está escrito no artigo 36 da lei, que ao Juiz é proibido ”manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem”, não vale mais.

Ontem, no jornal popular das Organizações Globo, o Extra, o juiz Flávio Roberto de Souza, que preside o julgamento de Eike Batista, diz, nada mais nada menos, que vai “esmiuçar a alma” do réu.

Isso mesmo, esmiuçar a alma, porque Sua Excelência assume o papel de Deus, porque não vai julgar apenas fatos, mas a alma.

Apela até para a sua fé budista dizendo que, por isso, tem “muita facilidade de saber quando a pessoa está mentindo ou falando a verdade”.

– Vou esmiuçar a alma dele. Pedaço por pedaço.

Como é que é, Doutor?

Quer dizer que se o senhor for espírita, vai ouvir os espíritos?

Virou, perdoem a expressão, zona.

E não adianta tirarem, avisa ele, o processo de Eike de suas mãos depois deste show de “penetração de almas”.

O Dr. Flávio já avisa que, se tirarem este, tem outros contra ele sob sua autoridade…

- Ainda que o tribunal me tire desse processo, ele não me tira do caso.

E ainda debocha dizendo que, se isso acontecer, “eu falaria pra você a música daquela cantora: Tô nem aí… Tô nem aí para o que vão decidir”

Que beleza!

Eu não tenho a menor simpatia pelo Eike Batista e acho que ele deve ter ótimos advogados, que vão fazer picadinho deste juiz.

Mas é inacreditável o que está se passando em certos setores do Judiciário.

Ficou fácil arranjar um brilhareco na mídia com essas exibições ridículas.

Não acontece nada, mesmo, não é?

A escolinha do Professor Sérgio Moro “captou a vossa mensagem, querido Mestre”.

E o salário, óóóóóóóóóóó…"




(De Fernando Brito, em seu blog 'Tijolaço', post intitulado "A escolinha do professor Moro" - aqui.

Seria folclórico, se não fosse deplorável. A Associação dos Magistrados deveria agir, à falta, quero dizer, à ausência do juiz-corregedor. Uma das características da magistratura é a inércia: o juiz é o Estado; está lá, parado, aguardando a provocação da parte; não toma a iniciativa, só se manifesta nos autos. Nos últimos tempos, tal diretriz vem sendo impunemente transgredida. Liturgia do cargo, escrúpulos, coisas, pelo visto, do passado...).

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