sábado, 28 de fevereiro de 2015
A PETROBRAS E SEU RATING
O rebaixamento do rating da Petrobras
Por Motta Araújo
O rebaixamento da nota da Petrobras pela agência Moody´s é o corolário natural da situação criada pelo circo sobre a corrupção na empresa. Não foi a corrupção em si, que já existia há muito tempo, foi a revelação dela de forma viciosa e extremamente negativa, não como um acidente e sim como um pecado estrutural, uma espécie de câncer incurável. A revelação chocou o mundo, saiu em toda a imprensa econômica mundial repetidas vezes e continua saindo.
Em meu artigo - O quadro falso na parede e a desvalorização da Petrobras - expliquei como os grandes museus do mundo quando descobrem que têm quadros falsos ficam de bico calado porque a revelação de que foram enganados desvalorizaria toda a coleção. A revelação e, pior do que isso, a ESCANDALIZAÇÃO de que a Petrobras foi vítima de corrupção por empreiteiras, feita a partir de vazamentos do processo criminal, foi a causa da queima da imagem da Petrobras. As revelações desencadearam uma série de desdobramentos negativos, desde a recusa dos auditores em assinar o balanço até uma série de grande quantidade de reportagens na imprensa internacional que puseram abaixo a imagem da empresa.
O ambiente de prisões sem fim e sem prazo criou um clima de terror na empresa, pelo qual ninguém mais assina contratos e menos ainda autoriza pagamentos, o que está levando fornecedores à quebra, cancelamento de encomendas, suspensão de projetos e encomendas, o que se deve ao remédio, a operação Lava Jato, e não à doença da corrupção, que só se extinguirá pela mudança das regras de governança da Petrobras, o que ninguém pediu.
Qualquer empresa, mesmo sólida, que coloque na janela uma série infindável de malfeitorias, incapacidade gerencial, corrupção, vai à lona e pode desaparecer. Sendo uma empresa estatal trata-se algo inédito; grandes empresas estatais sofreram crises até maiores mas não foi oferecido ao mundo tal espetáculo de autodestruição.
Parece que os juízes e promotores se comprazem desse show de horrores, o que mostra competência deles.
Só que o resultado subsidiário é a destruição da empresa que eles pretendem salvar.
Ao que tudo indica, tal resultado não os incomoda minimamente; vão ter um processo vitorioso, o resto não é problema deles.
A questão do rating é uma mistura de avaliação objetiva por índices e análises de números e de uma percepção subjetiva. A propaganda negativa feita pelo MP e Judiciário contra a PETROBRAS não poderia ser pior. É um programa para destruir uma empresa; não sobra nada. Foram suspensas ou canceladas as encomendas de sondas e navios, o Estaleiro Atlântico Sul, o maior do País, praticamente fechou, o do Rio Grande, com grande encomenda de sondas, já dispensou grande parte dos operários, foram cancelados projetos no valor de R$11 bilhões em todas as áreas, a Sete Brasil, empresa que iria operar a compra e leasing de sondas do pré-sal, não recebe nada e não paga os estaleiros; só está faltando a Lava Jato lacrar a sede da Petrobras para salvá-la do mal, embaixo de sete palmos de terra. (Fonte: aqui).
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Ao concluir a leitura, o alento foi lembrar a máxima de Stephen Kanitz: 'As coisas, como estão indo, levarão ao fracasso total... se nada for feito!'. Alguma coisa está sendo feita: a nova diretoria poderá conduzir a empresa à superação de seus sérios pontos críticos. É certo que fanáticos pela privatização da Petrobras torcem freneticamente para que isso não aconteça, e que a estatal, enfim sucateada, acabe por ser abocanhada por entusiastas do insaciável e livre mercado. Mais uma vez, esperamos, darão com os burros n'água.
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