Porto de Mariel, Cuba.
Quantas vezes o Brasil foi criticado em face da construção do porto de Mariel em Cuba? Inúmeros artigos e editoriais condenaram as opções feitas pelo Brasil. Eis que agora cai a ficha: as perspectivas que se abrem com a reaproximação dos Estados Unidos com Cuba mostram que o Brasil agiu corretamente ao manter relações de parceria com a ilha, se revelando estratégico o financiamento concedido pelo BNDES (assunto tratado aqui neste blog em janeiro).
Mas, o que se verificava antes do começo do fim do embargo? Vejamos:
.a China patrocina o Canal da Nicarágua - bem maior que o do Panamá -, ampliando sua influência e incrementando as relações comerciais com a América Latina (a China já é a principal parceira comercial do Brasil). Essa realidade incomoda, e muito, os EUA.
.o México, que nunca rompeu relações com Cuba, mas que dela se distanciou desde a adesão ao NAFTA, há meses (em fevereiro publicamos post AQUI neste blog) se empenha em incrementar negócios - o que também deseja a União Europeia -, mas o lugar já foi ocupado por Brasil e, agora se vê, EUA (caso o embargo venha a chegar ao fim, obviamente).
.em setembro, comentando artigo de Jânio de Freitas sobre a política externa adotada pelo Brasil - AQUI -, destacávamos:
Porto de Mariel, Cuba.
"Quando da análise da entrada, ou não, da Venezuela no Mercosul, houve forte resistência por parte de setores conservadores nacionais, mas a aceitação aconteceu. Por quê? Porque, além do empenho do Governo brasileiro, houve pressão empresarial: empresas brasileiras vislumbraram os bons negócios que poderiam advir da iniciativa. Outra particularidade: por que os EUA não cortaram definitivamente suas relações com a Venezuela? Simples: eles precisam do petróleo venezuelano (a Venezuela é dona da maior reserva de petróleo do mundo).
Ou seja: não basta tentar impor caprichos ideológicos, é preciso considerar as carências dos países e as oportunidades negociais oferecidas. Não basta, portanto, os opositores do atual governo serem contra o Mercosul; há fortíssimos e salutares interesses comerciais em jogo, e abrir mão deles é que são elas!
Outra particularidade: os EUA (2º maior parceiro comercial do Brasil) estreitam cada vez mais sua parceria com a União Europeia, enquanto a China amplia sua influência global, inclusive na América Latina. A China é, hoje, a parceira comercial nº 1 do Brasil. Como abrir mão de um mercado de mais de 1,3 bilhão de consumidores, cerca de 20% da população do mundo?
Por que o Brasil tem tanto interesse em construir/modernizar o porto de Mariel, em Cuba? Quais oportunidades negociais surgirão a partir da abertura política cubana? E os novos negócios que advirão da abertura do Canal da Nicarágua - em fase de construção -, maior do que o do Panamá? O que poderá ganhar o Brasil com as exportações de petróleo para a Ásia, aproveitando esse canal? Por que o México e a União Europeia estão agora tentando estreitar parcerias com Cuba? Diplomacia rima profundamente com Economia...
A questão, portanto, não é tão simplória. O que talvez explique a mudez de certos candidatos à Presidência relativamente ao tema."
A propósito, clique AQUI para ler "Brasil marcou um golaço ao financiar Mariel", por Patrícia Campos Mello.
Sem dúvida, é expressiva a vitória do Brasil.
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