quarta-feira, 19 de novembro de 2014

PETROBRAS, LAVA JATO E PAULO FRANCIS

              Luciano Martins Costa e Paulo Francis (1930-1997).

'Risco da Lava Jato está na cobertura da imprensa'

Do Portal Brasil247

O jornalista e escritor Luciano Martins Costa afirma, em artigo publicado no portal Observatório da Imprensa, que o "alto risco" da operação Lava Jato está "no fato de que sua continuidade pode depender do empenho da imprensa em dividir com equilíbrio e de forma equânime as responsabilidades, sem omitir ou dissimular as culpas conforme a filiação partidária dos acusados".

Ele lembra que o jornalista Paulo Francis já havia denunciado, em 1997, em um comentário no programa Manhattan Connection, da Globo News, que havia um esquema de roubalheira na Petrobras.

Segundo Costa, a mídia agora está num dilema: persistir em datar os fatos a partir do ano 2013 – nesse caso, o noticiário ficaria "marcado pelo partidarismo e a manipulação" – ou "investigar as origens do escândalo, completando a pauta levantada por Paulo Francis há 17 anos", reconhecendo, assim, que "a corrupção na Petrobras tem raízes mais profundas". À época, o jornalista foi alvo de processo pelo então presidente da estatal, Joel Rennó, pela denúncia.

Eis o artigo em referência:

PAULO FRANCIS NÃO MORREU

Por Luciano Martins Costa

Os jornais do fim de semana registram o que pode vir a ser o ponto de inflexão das relações viciadas entre a política e os interesses privados no Brasil. A prisão de 24 altos executivos, entre os quais quatro presidentes de grandes empresas e um ex-diretor da Petrobras, coloca nas mãos da Justiça o material necessário para aprofundar as investigações sobre a corrupção e passar a limpo o sistema de financiamento de campanhas eleitorais.

A última etapa da ação policial está sendo chamada de "Juízo Final". Os jornais dizem que serão citados pelo menos 70 senadores e deputados. Também está publicado que todos os partidos, com exceção do PSOL, foram financiados pelas empreiteiras acusadas no escândalo.

O evento coloca o Brasil diante da possibilidade de levar à frente uma "Operação Mãos Limpas" como a que sacudiu as instituições italianas nos anos 1990. O alto risco dessa operação reside no fato de que sua continuidade pode depender do empenho da imprensa em dividir com equilíbrio e de forma equânime as responsabilidades, sem omitir ou dissimular as culpas conforme a filiação partidária dos acusados. Deve-se lembrar também que o esquema descrito pelos jornais na segunda-feira (17/11) é uma cópia exata do "clube de fornecedores" revelado no escândalo do metrô de São Paulo.

(Para continuar, clique aqui).

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Vale registrar: Paulo Francis, então correspondente d'O Estado de São Paulo em Nova York, morreu de um ataque cardíaco em fevereiro de 1997. Dias antes, no Manhattan Connection - canal a cabo GNT  (Globo) -, defendera a privatização da Petrobras, acusando "os diretores da estatal de possuírem cinquenta milhões de dólares em contas na Suíça – acusação pela qual foi processado na justiça americana, sob alegação da Petrobras de que o programa seria transmitido nos Estados Unidos para assinantes de canais brasileiros na TV a cabo. Como Paulo Francis acusou sem provas, tinha a certeza que seria condenado e pagaria indenização milionária aos diretores da Petrobras. Com a iminência do processo milionário Paulo Francis sofre estresse profundo" (Wikipédia - aqui).

Francis, com todas as suas contradições, guinadas e idiossincrasias, despertava o interesse de muitos leitores, que acompanhavam seus artigos desde os tempos d'O Pasquim, do qual foi um dos fundadores - junho de 1969 - e em que comparecia semanalmente, o que perdurou até 1976, quando se tornou correspondente da Folha de São Paulo em Nova York, onde já estava desde 1971. De 1976 em diante, passamos a ser leitores de seu 'Diário da Corte', rotina que se manteve quando trocou a Folha pelo Estadão. Nos últimos anos, reacionário convicto, malhado pela esquerda, parecia capaz de fazer o igualmente reacionário Nelson Rodrigues dizer dele o que ele dissera sobre o igualmente reacionário Gustavo Corção: 'Eu também sou reacionário'.

De qualquer modo, vale a leitura do post "Justiça a Paulo Francis, ainda que tardia", de Maristela Basso, AQUI.

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