G20 prepara 'PAC global' para economia
Por Clóvis Rossi
O Brasil vai se comprometer com seus parceiros no G20, o clube das grandes economias do planeta, a investir cerca de US$ 49 bilhões (R$ 125,6 bilhões) nos próximos cinco anos, fora as iniciativas previstas nos PACs (Programas de Aceleração do Crescimento).
É a contribuição brasileira para que se alcance a meta a ser fixada pela cúpula do G20 na Austrália, neste fim de semana, de fazer o mundo crescer em cinco anos dois pontos percentuais acima do que se previa até o fim de 2013.
Se a meta for de fato alcançada, a riqueza mundial engordará US$ 2 trilhões no período (...).
A decisão de criar essa espécie de PAC planetário foi tomada pelos ministros de Economia do G20 no início do ano e será certamente ratificada pelos chefes de governos que se reunirão a partir de sábado, 16, em Brisbane.
Para evitar que tudo fique na retórica, o G20 cobrou planos específicos de ação dos países membros, que serão consolidados em Brisbane.
Apareceram até agora mais de 900 iniciativas de investimentos, tendo o Brasil contribuído com sete delas. São todos projetos posteriores aos PACs. Surgiram depois da cúpula anterior do G20, realizada em setembro de 2013.
Trata-se basicamente de um pacote de logística e concessões de obras públicas. Mas envolve também programas já em andamento, como o "Super Simples", de simplificação tributária, ou o Pronatec (ensino técnico).
Estes não estão quantificados e, portanto, não fazem parte dos US$ 49 bilhões prometidos ao G20.
FMI E OCDE
O mecanismo global não ficará solto no espaço: será acompanhado pelo Fundo Monetário Internacional e pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, grupo dos 34 países mais desenvolvidos de que o Brasil só não participa porque não quer).
O Brasil está, em todo o caso, na contramão do programa a ser lançado em Brisbane, porque, em vez de crescer mais, como pede o G20, está desacelerando.
Mas, nas negociações ao longo do ano para a cúpula de Brisbane, não houve críticas ao país, ao menos até onde a Folha pôde apurar.
E não houve por uma razão negativa para o país, mas benéfica para os parceiros: o Brasil está apresentando déficit em conta corrente, a que mede todas as transações com o exterior, na faixa de 3,7% de seu PIB (Produto Interno Bruto, medida da produção econômica do país).
Significa que o Brasil está financiando o crescimento alheio. Logo, seus parceiros não podem reclamar.
Tampouco podem reclamar do baixo crescimento brasileiro porque um fenômeno que afeta a maioria das economias do G20.
Tanto assim que a meta de crescer dois pontos percentuais acima das previsões já foi reduzida, na mais recente reunião dos ministros de Economia: caiu para 1,8 ponto percentual.
As cerca de 900 iniciativas apresentadas para compor essa espécie de PAC global não dão para mais que isso.
META AMBICIOSA
Mesmo assim, uma meta ambiciosa: significa acrescentar 50%, no período de cinco anos, ao crescimento de 3,5% que o FMI prevê para 2014/2015 (a expectativa é que, neste ano, a economia do mundo avance 3,3% e, no próximo, 3,8%).
É factível, nas atuais condições globais? O Secretário-Geral da OCDE, Ángel Gurría, depois de examinar as propostas acha que "é possível fazer o truque".
Para torná-lo de fato possível, o G20 aprovará também a criação de um "Núcleo de Infraestrutura Global".
Será uma estrutura provisória destinada "a fechar a brecha de informação entre os setores público e privado em termos de infraestrutura", define Joe Hockey, secretário australiano do Tesouro.
Ou seja, trata-se de aproximar os investidores institucionais dos projetos que os governos listaram para alcançar a meta de crescer mais. (Fonte: aqui).
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O Brasil vive fase de incertezas. Aguarda-se a definição da nova equipe econômica e as linhas por ela traçadas, mas é salutar a permanência dos investimentos em infraestrutura, da priorização do emprego e da renda - e do foco no combate às desigualdades.
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