Ann Coulter e o Futebol, que ela ridiculariza, a começar por chamá-lo de Soccer.
O artigo mais estúpido sobre a Copa
Por Kiko Nogueira
Saiu o artigo
mais estúpido sobre a Copa do Mundo e o futebol. E olha que a concorrência é
duríssima (das previsões apocalípticas aos bestialógicos fazendo paralelos entre
o torneio e o mundo animal, a morte, a vida etc).
Para
chegar ao primeiro posto, a celebridade americana de extrema direita Ann Coulter
- advogada, colunista, escritora, apresentadora de TV, loira, alta, uma espécie
de Sheherazade alfabetizada - caprichou na caricatura, na ignorância e na
tentativa inútil de fazer graça. O artigo é tão absurdo que você se pergunta se
não foi produzido no Coxinheitor, o gerador de textos que junta clichês
direitosos.
Não é novidade que protoconservadores americanos odeiam o
futebol, considerado uma aberração no chamado “excepcionalismo” dos EUA, coisa
de imigrantes, pobres, liberais etc. Mas Coulter, num desespero para chamar a
atenção no meio da histeria e do ódio (não é só aqui), se superou. Seria uma
peça satírica, não fosse ela mesma uma piada.
“Qualquer interesse no
futebol só pode ser um sinal de decadência moral de uma nação”, diz ela, se
fingindo chocada com a popularidade da Copa nos EUA.
E então vem um
apanhado de lixo pseudosociológico:
- A realização individual não é um
grande fator no futebol.
- No futebol, a culpa é dispersa e quase ninguém
pontua. Não há heróis, não há perdedores, não há responsabilidade e não se
machuca a frágil auto-estima de nenhuma criança.
- Todo mundo corre para cima
e para baixo do campo e, de vez em quando, uma bola acidentalmente cai dentro do
gol. Eu já estou dormindo.
- O beisebol e o basquete apresentam uma ameaça
constante de desgraça pessoal. No hóquei, há três ou quatro brigas por jogo.
Depois de um jogo de futebol, cada jogador recebe uma fita e um suco.
- Você
não pode usar as mãos no futebol. O que diferencia o homem dos animais menores,
além de uma alma, é que temos polegares opositores. Nossas mãos podem segurar as
coisas. Aqui está uma ótima ideia: vamos criar um jogo em que você não tem
permissão para usá-las!
- O futebol é como o sistema métrico, que os liberais
também adoram porque é europeu. Naturalmente, o sistema métrico surgiu a partir
da Revolução Francesa, durante os breves intervalos quando não estavam cometendo
assassinatos em massa na guilhotina.
Graças a Ann Coulter, os artigos de
Jabor psicografando Nelson Rodrigues tornaram-se clássicos imediatos. (Fonte: aqui).
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