terça-feira, 17 de junho de 2014

OS ESTRANGEIROS E A COPA


A acolhida que tem conquistado os estrangeiros

Por Mário Marcos

Poucos dias atrás, em uma daquelas tantas reportagens de preparação para a Copa, um repórter entrevistou o dono de um restaurante de Salvador, um alemão que veio um dia de férias, conheceu a Bahia e não quis mais voltar. Diante das notícias sobre agitações e insegurança que os europeus continuavam recebendo, o jornalista perguntou o que estariam pensando alemães como o empresário.

- Eles farão como todos os outros – respondeu o alemão. – Chegam desconfiados, ficam assim no primeiro dia e no segundo já entram na rotina. Não se preocupam mais.

Lembrei desta entrevista ao ler sobre as chegadas das seleções.

Bastou um dia, como disse o dono do restaurante, para que a desconfiança terminasse e os estrangeiros entrassem na festa. Passaram a se sentir em casa – até porque todos os locais escolhidos por eles foram decorados com as cores de cada país.

Os ingleses chegaram receosos, reclamaram do cerco da imprensa, fecharam-se na concentração, mas no dia seguinte foram conhecer um projeto social na Rocinha. Pronto, tudo mudou. Entraram na brincadeira, tentaram imitar os passos dos capoeiristas local, comoveram-se com as crianças.

E os alemães, como aquele dono de bar?

A sobriedade típica germânica durou um dia. Fascinados pelo ambiente da Bahia e pela beleza da ilha escolhida como concentração, abriram o treino para um grupo de pataxós de uma reserva próxima.
Não apenas isso: os brasileiros originais cantaram em homenagem ao aniversariante Klose e encantaram tanto que os demais jogadores – um deles com um pequeno pataxó nos ombros – participaram da dança ritual.

Em Curitiba e em Minas torcedores fizeram imensas filas, desde a madrugada, para conseguir um dos ingressos para os primeiros treinos de Espanha e Argentina. Repetiu-se o entusiasmo das torcidas locais no Espírito Santo (Austrália); no interior paulista, ficaram deslumbrados os africanos de Camarões e Costa do Marfim.

Em Viamão, cidade escolhida pelos equatorianos, foi ainda mais impressionante.

Pelo menos 10 mil pessoas estavam no centro da cidade esperando pelos visitantes. Quando o ônibus chegou, na noite de segunda-feira, e jogadores e dirigentes viram a multidão, decidiram quebrar o protocolo da Fifa que manda apenas acenar. Por iniciativa da própria equipe, o ônibus parou e os jogadores saíram para ter contato com os gaúchos.

Virou destaque na imprensa do Equador.

Em todas estas situações, os estrangeiros descobriram o melhor dos brasileiros – e quando falo de brasileiros típicos não estou me referindo àquela parcela que comete grosserias, ofende a presidente do país com um baixo nível danado e esbanja falta de educação em áreas vips dos estádios, como fizeram os paulistas no jogo de abertura da Copa. A capacidade dos brasileiros de deixar todos à vontade, de diminuir distâncias e agir como se o desconhecido de agora fosse um velho amigo, como fez, por sinal, um casal de paulistas. Ao ver dois croatas confusos em uma rua de São Paulo, eles pararam o carro, ofereceram ajuda e abrigaram os turistas em sua própria casa. Humilde, confortável e segura.

A cortesia do brasileiro é um santo remédio. Ninguém mais lembra de confusões. (Fonte: aqui).

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Copa é isso: congraçamento. Entendido que nas quatro linhas do gramado a disputa é acirrada, e congraçamento, mesmo, só após o apito final de cada partida, novidade que a Fifa lançou a partir desta Copa (finalmente a Fifa conseguiu acertar uma!). Por falar em disputa acirrada, esperamos que a Seleção brasileira apresente contra o México futebol superior ao exibido contra a aguerrida Croácia, que nos deu um senhor sufoco. Pelo que vimos na estreia, o Brasil, se tem a pretensão de ser o número um do mundo - e isso ele tem -, precisa melhorar muito). 

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