quinta-feira, 5 de junho de 2014

DA REALIDADE DAS COISAS


"Realidade das coisas? Um jornalista pode ir no Bronx, fazer uma reportagem sobre a miséria de um pardieiro local, sobre a violência e dizer que os EUA são aquele lixo. Ou ir a Harvard, reportar o conhecimento gerado por lá e dizer que os EUA são aquela maravilha.

Posso ir à periferia e dizer que o país é um antro de viciados. Ou posso ir à periferia, assistir os saraus, e dizer que uma nova cultura floresce no país.

Posso construir várias mentiras contando apenas verdades.

Por exemplo, somar as matérias sobre violência, sobre palafitas, sobre corrupção e dizer que o Brasil não presta. Ou mostrar as conferencias de educação, a mobilização nacional que resultou no PNE, o sistema financeiro brasileiro, os prédios da Vila Olimpia, as políticas inclusivas e dizer que o Brasil atingiu a modernidade.

Captou?"



(Comentário de um leitor do jornal GGN, intitulado "A arte de falar mentiras contando apenas a verdade" - aqui -, a propósito do post "A mídia nativa venceu: Brasil é jogado no lixo pela imprensa internacional" - aqui.

De fato, há pertinência nas observações. Pegue-se, por exemplo, a seguinte situação: num determinado governo, as missões da Polícia Federal são deliberadamente contidas, além do que os casos de corrupção apurados são simplesmente engavetados, a ponto de o procurador-geral da República merecer a alcunha de engavetador-geral. Anos depois, em um outro governo, pipocam casos de corrupção. Só que a Polícia Federal se desdobra no sentido de dar conta das apurações, enquanto a PGR adota com rigor as providências a seu cargo, com o ávido acompanhamento da imprensa. De repente, o País se depara com 'n' escândalos denunciados, uma avalanche processual. Eis que nesse instante surge um crítico 'isento' para observar, indignado: "Mas que governo corrupto! Quanta corrupção! E pensar que já vivemos tempos tão civilizados!".

Simples assim). 

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