Amorim.
Paulo Coelho, o profeta do Apocalipse
Por Kiko Nogueira
Paulo Coelho tem usado seus poderes para prever o apocalipse no país. No mundo
ideal, deveriam servir para que ele fosse impedido de escrever, mas seria
esperar demais do oculto (toc, toc, toc).
O mago deu uma entrevista ao
francês Le
Journal Du Dimanche em que conta que teremos “uma explosão social no Brasil.
Haverá pessoas nos estádios e ainda mais pessoas que estarão protestando. O
contexto é muito tenso. A violência voltou. A Copa do Mundo poderia ser uma
bênção e um momento de comunhão para nós, como foi para a França ou a Alemanha.
Mas é um desastre”.
Avisou também que não irá aos
estádios. “Fora de questão! Eu assisto aos jogos pela TV”, disse. “Nós
poderíamos usar o dinheiro para construir algo diferente em um país que precisa
de tudo: hospitais , escolas, transportes”. E deu uma cacetada no Fenômeno.
“Ronaldo é um imbecil por dizer que não é o papel da Copa do Mundo construir
essa infra-estrutura. Ele deveria ter calado a boca”.
PC não foi visto em
nenhuma manifestação e passa seu tempo em sua casa em Genéve, na Suíça, onde
pratica o tiro ao alvo com arco e flecha e posa para a Caras. Sua subida de tom
nas críticas ao Brasil coincide com o momento do lançamento de sua nova obra,
“Adultério”. Todas as entrevistas que deu, sem exceção, obedecem esse roteiro:
começa com o livro e emenda no desencanto, ou algo que o valha, com o Brasil, o
Mundial etc.
Veio num crescendo desde a história mal contada de sua
desistência na participação na Feira do Livro de Frankfurt. Ele acusou
“nepotismo”. O curador devolveu que PC queria levar “os amigos”.
Mas PC
não foi sempre tão negativo. Em 2007, esteve em Zurique com Lula, a cúpula da
CBF e alguns ministros defendendo a candidatura do país para sediar o
torneio.
Chamou Blatter de “cher ami” e mandou: “A partir de hoje, começa
uma vitória que durará sete anos. O que vemos na Seleção, vemos no povo. O
trabalho árduo, a capacidade de sonhar e sua criatividade. Honraremos como povo
brasileiro essa possibilidade”.
Só os tolos e os mortos não mudam de
opinião, mas no caso de Paulo Coelho o achismo de Ney Matogrosso é elevado a
outros patamares. Alguém sugeriu que Coelho fora “usado” pelo governo há sete
anos. Ora, está para nascer a pessoa ou instituição capaz de “usar” o escritor,
um dos maiores marqueteiros na história da literatura.
A cotovelada em
Ronaldo é covarde. Além disso, de imbecil, ele não tem nada. Ronaldo é muito
esperto, não necessariamente no bom sentido. O mesmo vale para
PC.
Estamos combinados que ninguém é obrigado a achar a Copa uma
maravilha, que há uma discussão sobre prioridades, sim — mas daí a apregoar o
fim do mundo são outros quinhentos dólares. A razão para essa lenga-lenga é que,
enquanto insistir nela, PC será manchete. É mais um lembrete de que o grande
interesse de Paulo Coelho, o primeiro e o último, é ele mesmo, e o importante é
manter a o debate no mesmo nível da subliteratura que produz. (Fonte: aqui).
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