quinta-feira, 17 de abril de 2014

O BRASIL E O ÍNDICE DE PROGRESSO SOCIAL


Melhor entre os BRICS, Brasil fica em 46º lugar em novo índice que mede a qualidade de vida

O Brasil ficou em 46° lugar entre 132 países em um ranking que mediu o Índice de Progresso Social (IPS) – um novo indicador global que avalia mais de 50 parâmetros que compõem a qualidade de vida dos cidadãos, como saúde, moradia, segurança pessoal, acesso à informação e à educação, saneamento básico, sustentabilidade e tolerância a diferenças. O Brasil somou 69,97 pontos na média geral, em uma escala de 0 a 100 pontos.

A Nova Zelândia aparece em primeiro lugar, com 88,24 pontos, seguida por Suíça, Islândia, Holanda, Noruega e Suécia. Dos dez primeiros colocados, oito são da Europa – os outros dois são Canadá e Austrália. O último colocado foi o Chade, país da África, com 32,60 pontos.

Segundo esse novo índice, o Brasil ficou mais bem colocado que outras nações com Produto Interno Bruto (PIB) semelhante. O país foi também o primeiro entre os Brics – grupo de potências emergentes da economia global, formado por Brasil, Rússia (80° lugar), Índia (102°), China (90°) e África do Sul (69°).

O país se saiu melhor especialmente nos itens "liberdade e escolha pessoal" (foi o 27° no mundo), "tolerância e respeito" (33°) e "acesso ao conhecimento básico" (38°). Já no parâmetro "segurança pessoal", o Brasil ficou na 122ª colocação e, em "acesso à educação", na 76ª – desempenho baixo em comparação a países com PIB per capita (por pessoa) parecido.

América Latina
Segundo o relatório divulgado junto com o IPS, a maioria dos países da América Latina e do Caribe excedeu as expectativas e se saiu melhor que o esperado, levando em conta sua força econômica.

O Brasil foi o sexto colocado entre os latino-americanos. O país mais bem-sucedido da região foi a Costa Rica, que apareceu em 25° lugar. Em seguida, vieram Uruguai (26°), Chile (30°), Panamá (38°) e Argentina (42°).

Segundo o índice, a América Latina e o Caribe se saíram bem em parâmetros como "nutrição e cuidados médicos basicos" e "acesso ao conhecimento básico", que mede a porcentagem de adultos alfabetizados e crianças na escola. Já os itens "segurança pessoal" e "acesso à educação superior" foram considerados falhos na região.

Crescimento x progresso social
A ideia do IPS é avaliar "se um país pode satisfazer as necessidades básicas de seu povo" e se tem "infraestrutura e capacidade para permitir que seus cidadãos possam melhorar a qualidade de suas vidas e alcançar seu pleno potencial".

"O índice mostra que o crescimento econômico não leva automaticamente ao progresso social", afirma Michael Green, diretor-executivo da organização sem fins lucrativos Social Progress Imperative, que publica o índice. "Se queremos enfrentar problemas como a pobreza e a desigualdade, o índice mostra que medir o crescimento econômico por si só não é suficiente", completa.

Algumas das maiores economias do mundo não se saíram tão bem no ranking, como a Alemanha (12° lugar), o Reino Unido (13°), o Japão (14°), os Estados Unidos (16°) e a França (20°). Todos eles, exceto a Alemanha, tiveram baixa pontuação no quesito "sustentabilidade ambiental".

Em relação aos Brics, os baixos resultados obtidos por Rússia, China e Índia mostram que o rápido crescimento econômico desses países ainda não está sendo convertido em uma vida melhor para seus cidadãos, destacou Green.

Outro indicador que mede a qualidade de vida dos países é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2012, o Brasil ficou em 85° lugar entre 187 países. (Fonte: aqui).

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Clique aqui para ler análise mais ampla, elaborada por Ladislau Dowbor - da qual destacamos:

"O Brasil na pesquisa
O Brasil aparece bem na foto. Importante lembrar que se trata apenas de uma foto, pois o índice é novo e não permite comparação no tempo, ou seja, a dinâmica da mudança. De qualquer forma, vale a pena dar uma olhada nos dados.

O Brasil ocupa o 46º lugar entre 132 países, com um índice médio geral de 69,957. A Colômbia ocupa o 52º lugar, México 54º. O PIB per capita brasileiro utilizado na pesquisa é de 10.264 dólares em valores de 2012. Os dados sintéticos para o Brasil são os seguintes:

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Dados Sintéticos Brasil (46º) EUA (16º) Argentina (42º)
PIB per capita (US$) 10.264 45.336 11.658
Score médio geral 69,957 82,77 70,59
Necessidades básicas 71,09 89,82 77,77
Fundamentos do Bem-estar 75,78 75,96 70,62
Oportunidades 63,03 85,54 63,38

*****
Para ter uma referência, os Estados Unidos ocupam o 16º lugar, com um PIB de 45.336 dólares, e um índice médio geral de 82,77. Os dados sintéticos norte-americanos são muito desiguais, com respectivamente 89,82 para necessidades básicas, 75,96 para fundamentos de bem estar (praticamente iguais ao Brasil), fruto dos últimos trinta anos de neoliberalismo naquele país, e 85,54 em termos de oportunidades – índice puxado em particular pela expansão do acesso à educação superior, onde o Brasil é, pelo contrário, muito fraco. A Argentina, por sua vez, que ocupa o 42º lugar, tem um score geral de 70,59, um PIB per capita de 11.658 dólares, e apresenta no geral índices parecidos com os do Brasil. Detalhando um pouco para os 12 principais grupos de indicadores, temos a situação seguinte:

Nível dos 12 principais indicadores
Brasil
EUA
Argentina
Nutrição e cuidados básicos de saúde
92,02
97,82
94,62
Água e saneamento básico
81,64
95,77
95,65
Habitação
73,20
87,99
60,75
Segurança pessoal
37,50
77,70
60,07
Acesso ao conhecimento
95,43
95,10
94,53
Acesso à informação e comunicação
67,69
81,33
69,54
Saúde e bem estar
76,05
73,61
70,56
Sustentabilidade
63,94
53,78
47,83
Direitos da pessoa
74,94
82,28
66,55
Liberdade pessoal
69,38
84,29
73,61
Tolerância e inclusão
61,77
74,22
64,53
Acesso à educação superior
38,09
89,37
48,83


Impressionante os Estados Unidos, com um PIB quatro vezes e meia maior do que o Brasil, terem um indicador de saúde e de bem estar (esperança de vida, morte por doenças entre 30 e 70, taxas de obesidade, mortes por poluição do ar, taxa de suicídios) significativamente pior do que o Brasil. Situação pior ainda em sustentabilidade, devido em particular à massa de emissões de gazes de efeito de estufa, uso da água além das reservas e redução de biodiversidade e habitat natural. A Argentina, aliás, fica pior ainda neste quesito. Os itens críticos para o Brasil, naturalmente, são os de segurança, com 37,50 pontos, e de acesso à educação superior, com 38,09 pontos.

Na análise dos autores, “entre os países dos BRICS, o Brasil apresenta o perfil de progresso social mais forte e mais “equilibrado” (the strongest and most “balanced”). Apresenta alguma fraqueza em Necessidades Humanas Básicas (puxada pelo score muito baixo de 37,50 para Segurança Pessoal), mas apresenta uma performance consistentemente boa em todos os componentes tanto dos Fundamentos de Bem Estar como de Oportunidades, com exceção de Educação Superior (38,09, 76º).”(50)

Comparando com o conjunto dos BRICS, o relatório considera que “quatro dos cinco BRICS fazem parte do quarto nível, inclusive Brasil (46º) com um score de 69,97, África do Sul (69º) com 62,96, Rússia (80º) com 60,79, e China (90º) com 58,67. A Índia fica fora dos 100 primeiros em termos de progresso social, com um score mal superando 50. Os países da América latina estão bem representados no quarto grupo. Argentina 42º, Brasil 46º, e Colômbia, México e Peru colocados nos lugares 52º, 54º e 55º respectivamente”.(45)

No plano propositivo, ao comentar o Brasil, a análise sugere que “apesar do Brasil apresentar uma performance relativamente boa no componente Sustentabilidade do Ecossistema, precisa enfrentar questões ambientais urgentes, tais como a redução do desmatamento essencialmente frutos da especulação sobre o solo, da pecuária irregular, e de projetos de infraestruturas; o controle dos gases das emissões de gases de efeito estufa pelo setor industrial; e o acesso à eletricidade com tecnologias eficientes em termos de custos e ambientalmente amigáveis. |O Brasil tem cerca de um terço das florestas tropicais do planeta e pelo menos 20 por cento da biodiversidade do planeta. #Progresso Social Brasil tem focado os seus esforços iniciais na região amazônica.”(...)."

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