sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

SNOWDEN, PALADINO DO ESTADO DE DIREITO

"Edward Snowden: Santo, pecador, traidor, patriota?".

J. D. Crowe.

Em editorial, New York Times pede clemência para Snowden

Agência EFE

O jornal "New York Times" publicou um editorial que defende que o ex-funcionário terceirizado dos serviços de espionagem dos Estados Unidos Edward Snowden merece clemência, após revelar os programas espionagem telefônica e online por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês).

"Há sete meses, o mundo começou a conhecer o vasto alcance das intromissões da NSA nas vidas de centenas de milhões de pessoas nos Estados Unidos e no resto do mundo", diz o editorial.

"As revelações já levaram dois juízes federais a acusar a NSA de violar a Constituição (embora um terceiro, infelizmente, tenha julgado que a espionagem por atacado é legal)", continua.
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"Tudo isto se deve, inteiramente, à informação provista aos jornalistas por Edward Snowden, o ex-funcionário terceirizado da NSA que revelou uma grande quantidade de documentos secretos", lembra o editorial.

"Considerando o enorme valor da informação que revelou e os abusos que expôs, Snowden merece algo melhor que uma vida de exílio, medo e fuga permanente", segundo o jornal.

"Snowden pode ter cometido um delito, mas fez um grande serviço a seu país."

"É tempo de os Estados Unidos oferecerem a Snowden um pacto ou alguma forma de clemência que lhe permita voltar para casa para enfrentar um castigo substancialmente reduzido por seu papel como delator", diz o texto.

Como consequência das revelações de Snowden, a auditoria interna da própria NSA concluiu que a agência violou as leis federais que protegem a intimidade dos indivíduos ou se excedeu em sua autoridade milhares de vezes por ano.

Também ficou em evidência que a agência se intrometeu nos links de comunicações de grandes centros de informática no mundo todo para expiar centenas de milhões de usuários.

"A brigada estridente de seus críticos sustenta que Snowden causou um grande prejuízo às operações de inteligência dos Estados Unidos, mas ninguém apresentou a menor prova de que suas revelações tenham danificado realmente a segurança do país", afirma o editorial.

"Quando alguém revela que os funcionários do Governo violaram de forma rotineira e deliberada a lei, essa pessoa não deveria encarar uma vida em prisão a mãos desse mesmo Governo", conclui o jornal.

"Por isso, o presidente (Barack) Obama deveria instruir seus assessores para que encontrem uma forma de pôr fim aos ataques a Snowden dando-lhe um incentivo para que retorne ao país", concluiu.

Guardian
Já o diário britânico "Guardian", também em editorial, pediu a Washington que "permita que Snowden retorne aos Estados Unidos com dignidade", classificando suas revelações como "um ato de coragem moral".

Os editoriais também repercutiram os comentários de Rick Ledgett, funcionários da NSA que dirigiu um grupo de trabalho que investigou os danos causados pelos vazamentos de Snowden.

Ledgett afirmou ao programa "60 minutes" da CBS, no mês passado, que estaria aberto a um trato com Snowden se ele deixar de expor os segredos do governo.

O pedido de clemência também ganhou força com uma mensagem no Twitter do diretor da organização Human Rights Watch, Kenneth Roth. "Snowden expôs uma grave má conduta. Outros que apresentam denúncias oficiais foram ignorados/perseguidos. Ele deve ser indultado", tuitou. (Fonte: aqui).

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Dois magistrados federais americanos já bateram o martelo: a NSA agiu ao arrepio da lei. Donde parece lícito concluir: Snowden atuou em defesa da lei ao denunciar os malfeitos.
A questão é que reina nos EUA o fator "destino manifesto", mediante o qual Tio Sam pode fazer o que bem entender para manter sua pátria no topo do mundo - e para preservar tal condição -, visto que esse é o desígnio de Deus. Felizmente, como se viu acima, inexiste unanimidade quanto ao "quero, posso e mando".

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