Tiago Recchia.
Mídia rentista exige mais juros
Por Altamiro Borges
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realiza a sua primeira
reunião deste ano nesta terça e quarta-feira. Como já virou rotina, a mídia
rentista usa toda a sua artilharia para fazer terrorismo econômico e exigir um
novo aumento da taxa básica de juros, a Selic. Nos últimos dias, a Globonews
teve o descaramento de falsear uma tabela da inflação; já os jornalões evitaram
realçar que o índice ficou abaixo do teto da meta em 2013 e insistem no risco da
“explosão inflacionária”. A ofensiva midiática serve aos interesses mesquinhos
dos banqueiros e rentistas e, novamente, tende a obter vitória, em detrimento da
sociedade que terá retração da economia e contenção do ritmo de
emprego.
A própria Agência Brasil, de uma empresa
pública de comunicação (EBC), decretou nesta segunda-feira (13) que “a Selic
deve subir 0,25 ponto percentual na reunião do Copom desta semana... A
expectativa é das instituições financeiras consultadas semanalmente pelo Banco
Central”. O sítio, que deveria ser um pouco mais crítico, afirma que o aumento
da Selic visa “conter a demanda aquecida e isso gera reflexos nos preços porque
os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança”. Ele só não
explica que o aperto monetário eleva a dívida pública e reduz o crédito e o
consumo na sociedade, o que tem efeitos perversos sobre a produção e a geração
de novos empregos.
Para criar o clima que justifique uma nova alta dos
juros, a mídia rentista não vacila na sua “guerra psicológica”. Os tais
“analistas do mercado”, nome fictício dos porta-vozes dos banqueiros que lotam
as redações dos jornais e telejornais, garantem que a inflação está fora do
controle e “pode” levar a economia ao caos. Este terrorismo fez com que o
acovardado Banco Central elevasse a Selic em 2,75 pontos percentuais no ano
passado. A medida amarga não retraiu os preços conforme a falsa promessa, mas
teve péssimo efeito sobre o crescimento da economia em 2013. Mesmo assim, os
rentistas exigem mais juros. Na prática, eles querem retrair o consumo, rebaixar
os salários e elevar a taxa de desemprego.
Na visão do capital, este
cenário ideal é que garantiria a tão cobiçada “competitividade” da economia.
“Baixa de custos salariais e provavelmente outros ganhos de eficiência tornaram
boa parte do mundo mais ‘competitivo’ em relação ao Brasil, que fica cada vez
mais caro”, argumenta, no maior cinismo, o colunista Vinicius Torres Freire, da
Folha. Até parece que os EUA, a Europa e o Japão vivem num paraíso. Para ele, o
“consumo demasiado e o desemprego baixo” ajudam a explicar a persistência da
inflação no país, mesmo reconhecendo que a tese de que a inflação saiu do
controle “é óbvio exagero tolo ou desconversa”. (Fonte: aqui).
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Diretrizes rentistas para o sucesso: mais juros; menos empregos (para minimizar mais ainda a demanda); corte dos ajustes do salário mínimo (mediante a extinção do critério que prevê, além da inflação do período, a variação do PIB).
Nota: isso mesmo: diretrizes rentistas para o sucesso. Deles e de seus parceiros, é claro.
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