sábado, 24 de agosto de 2013
SOBRE GRACEJOS, GOLADAS E RESSACAS
Merval e Sardenberg: um vinho 'bom' por cadeia já
Normalmente carrancudo, o colunista Merval Pereira pode ser ouvido às gargalhadas na rádio CBN onde, a exemplo de que faz no jornal O Globo, também dos três irmãos Marinho, dita os parâmetros do julgamento da Ação Penal 470 no STF.
Agora, seu divertimento sobre o destino dos réus do processo será regado a um vinho "bom". É isso que ele apostou contra seu colega colunista Carlos Alberto Sardenberg, âncora da rádio e, também, comentarista econômico do Jornal da Globo.
A aposta é assim: "Se os mensaleiros foram em cana até o final do ano, nós jantamos juntos e você paga um vinho bom. Mas se eles forem presos só depois, quem paga sou eu", disse Sardenberg, igualmente rindo-se.
Até o colunista de vinhos da CBN, Jorge Lucki, foi convidado para participar do escárnio. Ele sugeriu três rótulos – Bartolo Mascarelo, Chateneuf Du Pape e um Pinot Noir da Borgonha. Os ouvintes podem opinar sobre qual garrafa será aberta por meio de uma enquete aberta.
Com o vinho "bom" na jogada, consuma-se mais um movimento de Merval para pautar os juízes do STF.
Imortal da ABL, ele se torna, nessas horas de ação, o 12º juiz da suprema corte brasileira, recitando saber jurídico e dando suas próprias sentenças. Com acesso privilegiado a alguns magistrados amigos – ele escreveu, por exemplo, o prefácio do livro do ex-presidente Carlos Ayres Britto, que iniciou o julgamento -, Merval vê embargos declaratórios e infringentes como enrolação de advogados e, caso estes últimos sejam aceitos, acredita que "aí pode demorar de um a dois anos para terminar". Ainda assim tomaria o vinho "bom", porém duplamente a contra-gosto: porque José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno, João Paulo Cunha e Marcos Valério ainda não terão sido presos, e porque ele pagará a garrafa.
Não é, obviamente, o que deseja. Na qualidade de um dos propagadores da teoria do domínio do fato, aquela pela qual está-se condenado réus mesmo sem provas factuais, ausentes na maior parte do processo, Merval quer cadeia já para todos, especialmente "os mais importantes". Ou, no dizer de Sardenberg: "Se só pegarem os bagrinhos este ano, eu ganho. Mas se pegarem os bagrões ainda este ano, eu pago para você".
Se isso é brinde que se faça, está mesmo pronto para ser feito. E às favas com o equilíbrio! (Fonte: aqui).
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Fazer planos, alimentar expectativas, torcer, distorcer, tripudiar, tudo faz parte. É da Democracia. Convém, sem embargo(!), ter-se em mente o velho ditado consistente em que de barriga de mulher, de fiofó de bebê e de cabeça de juiz não se sabe ao certo o que vai sair.
Ampliando a imagem, arremato: de repente, o que sai da cabeça de tribunal pode produzir uma baita e inesperada ressaca!
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