Inflação é psicossocial
Por Paulo Moreira Leite
Vamos combinar uma coisa. A inflação está caindo. Mesmo o tomate veio abaixo. A previsão do Bradesco é que no fim de 2013 ela fique em 5,4%. Uma queda de 1,1 ponto percentual em relação a hoje. Mesmo o estouro da meta, já disse aqui, equivale a 0,09%.
Vamos ver outros números. A China cresceu 7,7%, menos do que o esperado. A recuperação americana está abaixo do esperado. A Europa é um pesadelo sem luz à vista.
A economia brasileira deve crescer em 2013, mas todas as projeções pioram. Quem falava em 4% ameaça falar em 3,5%. Quem falava em 3,5% agora fala em 3%. E assim por diante.
Neste cenário, nenhum economista com consciência poderia receitar uma elevação nos juros com a finalidade de recuperar a economia. Está na cara que a coisa só pode piorar.
Mas o coro a favor da elevação dos juros é real e não diminuiu.
Sua causa não é econômica. É psicossocial. Explico. Num país onde o rentismo sofreu um duro golpe com uma redução drástica iniciada pelo Banco Central em agosto de 2011, ele agora quer sua revanche.
Todos concordam que a inflação está em queda e é bom que seja assim para garantir uma recuperação, mesmo que ela seja mais lenta do que o previsto.
O argumento é que muitos empresários se queixam de uma questão comportamental. Dizem que o governo precisa dar uma prova de que realmente não quer deixar a inflação subir e que isso implica em mexer no juro.
É economia? Não, meus amigos. É política.
Elevar os juros agora implica em aceitar duas consequências. A recuperação irá se tornar mais cara. Logo, mais difícil. (Fonte: aqui).
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Nilson Teixeira, economista-chefe do banco Credit Suisse (e que vem sendo assertivo em suas previsões de PIB anual) declarou no início do ano que o Brasil alcançaria 4% de elevação do PIB no ano em curso, enfatizando que o governo agiu certo ao reduzir a Selic (aqui). A pergunta é: com eventual elevação dos juros pelo Copom, qual a repercussão sobre a estimativa do (até aqui) bamba em 'cantar a pedra'?
A inflação pode ser psicossocial; mas não há dúvida quanto ao efeito negativo que eventual elevação da Selic produzirá.
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