IDH, por Antonio Delfim Netto
O famoso Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicado anualmente pela ONU, tenta medir um fenômeno metafísico: a "qualidade de vida" de cada país em relação a todos os outros. E o faz por meio de um indicador imaginoso que varia de 0 a 1, mas manipula apenas três indicadores: nível de renda, educação e saúde.
O problema é que o IDH incorpora indicadores defasados, para poder comparar a situação dos países (hoje, 187) com a plena disponibilidade dos elementos estatísticos necessários. Isso prejudicaria o Brasil, porque a qualidade e a disponibilidade de nossos dados são melhores [nos últimos anos]. É o caso, por exemplo, dos números da educação: para "uniformizar" os dados dos 187 países, o IDH foi construído com os números de 2005, o que deixa de medir os substanciais progressos que vimos obtendo desde então.
No relatório, ocupamos o 85º lugar, o mesmo do ano anterior, com IDH de 0,730. A Noruega ocupa o 1º, com o índice de 0,955. A crítica é obviamente pertinente. É reconhecida, aliás, no próprio relatório "Ascensão do Sul - Progresso Humano em um Mundo Diverso", produzido pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que se desdobra em cuidados e elogios à política social do governo do Brasil (citado mais de uma centena de vezes).
Antecipando-a, o relatório faz uma simulação irrelevante: qual seria nossa posição se tivesse utilizado os números mais recentes da educação? O IDH seria de 0,754 e o país passaria ao 69º posto no indicador. Mas essa é uma hipótese absurda: supõe que os outros 186 países não tivessem feito progressos desde 2005.
A realidade é que o “Índice de Bem-Estar Social”, imaginado pelo economista e filósofo Amartya Sen, visto abaixo, mostra que melhoramos. O IDH apenas sugere que os outros também melhoram...
Fonte: aqui.
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