sexta-feira, 9 de novembro de 2012

EUA: O AMARGO TEA PARTY


Vitória de Obama deixa triste Tea Party tupiniquim

Por Ricardo Kotscho

"América — 4 de julho de 1776 a 6 de novembro de 2012. Causa da morte: suicídio.”

É este, acreditem, um trecho da mensagem decretando a morte dos Estados Unidos enviada a seus seguidores em Cincinnati por um grupo do Tea Party, movimento de extrema-direita criado no início do governo democrata, para combater as políticas sociais do agora presidente reeleito Barack Obama.

A ira desta ala mais radical dos conservadores republicanos ajuda a explicar a derrota de Mitt Romney nas urnas e dá uma ideia de como será a oposição a Obama no segundo mandato.

Por aqui, ninguém ainda chegou a esse ponto, após as três derrotas seguidas dos tucanos paulistas nas eleições presidenciais, mas são indisfarçáveis a tristeza e o inconformismo com a vitória de Obama demonstrados pelos representantes do Tea Party tupiniquim em seus blogs e colunas.

Ainda mal refeitos do baque com a mais recente derrota do tucano José Serra em São Paulo, os porta-vozes do Instituto Millenium, versão nativa do Tea Party, gastam suas últimas energias em busca de explicações para mais essa derrota eleitoral, depois de passar meses propagando o crescimento da candidatura de Mitt Romney.

Se você quiser saber quem vai ganhar as próximas eleições, em qualquer lugar do Brasil ou do mundo, é só ver quem eles estão apoiando. Vai ganhar o outro. A última vez que comemoraram uma vitória do "seu" candidato acho que foi na eleição do papa Bento 16.

A diferença entre o que aconteceu aqui e as reações nos Estados Unidos é que lá reconheceram logo os motivos do fracasso da candidatura republicana. Ao final de um breve discurso de cinco minutos aceitando a derrota, Mitt Romney retirou-se discretamente de cena, para não mais voltar.

No Brasil, como já aconteceu em outras ocasiões, José Serra saiu da campanha derrotada dizendo-se "revigorado" e não deu nenhum sinal de que pretende largar o osso. Seus seguidores também não. Ao contrário, mostram-se cada vez mais radicais, raivosos e intolerantes.

Nos Estados Unidos, os republicanos reconhecem que um dos principais motivos da derrota foi aquela fatídica declaração de Romney capturada no YouTube por um neto do ex-presidente Jimmy Carter: "47% dos americanos dependem do governo e se recusam a assumir responsabilidade sobre suas próprias vidas".

Pois eles assumiram a responsabilidade de votar em Obama e derrotar Mitt Romney.

Não haverá aí alguma semelhança com o que costumam dizer os seguidores mais fanáticos do nosso Tea Party sobre o Bolsa Família e o conjunto de programas sociais criados pelos governos Lula e Dilma?

Eles não esquecem e não perdoam Obama até hoje por ter chamado Lula de "o cara". Poderiam fazer um estágio com os republicanos para aprender com as derrotas a não repetir sempre os mesmos erros em vez de sair por aí gritando que ganharam as eleições. (Fonte: aqui).

3 comentários:

  1. Grande Dodó não lembro de nenhuma referência na grande imprensa brasileira sobre o passado mexicano de Mitt Romney,seu pai nasceu no México,já quanto a Obama não se deixava esquecer que seu pai era Queniano.O tea party nunca engoliu totalmente Romney a quem chamava de "o mórmom".Abração!

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  2. Querido Sílvio,

    Sobre o Romney, de fato, não se deu destaque a seu pai mexicano. Seus apoiadores destacaram o 'dinamismo' dele, que, via estímulo aos muito ricos mediante o corte de impostos, ensejaria a geração de empregos. O 'dinamismo' era também apoiado na passagem dele à frente dos Jogos Panamericanos, algo assim, e como governador de estado.
    Já os críticos, citaram a esperteza de Romney em declarar renda em paraíso fiscal (Caribe) para escapar do imposto de renda vigente nos EUA, e o fato de, quando governador, haver instituído programa de saúde muito parecido com o Obamacare - que agora ironicamente pretendia extinguir caso eleito.
    O Tea Party relevou o fato de Romney ser mórmon; para a extrema-direita, o que interessava era impedir as políticas de Obama, e, para isso, Romney era o cara.

    Grande abraço, caro mano.

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  3. Ops, esqueci de registrar: eu desconhecia o fato de que o pai de Romney nasceu no México. Entre os senões da extrema-direita contra Romney, só havia atentado para o de que ele é mórmon.

    Abração.

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