Ilustração: Sergyi Fedko.
Roteiro alcoólico
Por Marcelo Migliaccio
Capítulo de ontem da novela de maior audiência no
momento:
Cena 1 - Morte a machadadas, vários suspeitos na
delegacia.
Cena 2 - Dois jogadores de futebol e uma periguete bebem
cerveja.
Cena 3 - Manicure dá porre de conhaque no cara para
seduzi-lo.
Cena 4 - Coroa bebe uísque no balcão, chegam duas manicures e
pedem uma cerveja gelada.
Cena 5 - Catador de lixo embriagado recebe duas
garrafas de cachaça de presente do pai da vilã.
Fim do
capítulo.
Comerciais (entre eles, vários de cerveja).
Por
que será que os personagens estão bebendo tanto? Será que estão achando suas
vidas um porre? Melhor mudar o nome da novela pra Avenida Barril...
PS: Adoro um chope, mas o incentivo ao consumo de álcool no Brasil é um caso de
saúde pública. Álcool é droga e droga não precisa de publicidade, ainda mais
subliminar. Depois, os gênios se perguntam por que a molecada está começando a
beber com 9 anos...
É cultural... é cultural... (Fonte: aqui).
................
É cultural, é mercadológico, é merchandising...
Ao que consta, a vida, na novela das nove, pode ser tudo, menos uma pasmaceira. Lá, morreriam à míngua, por asfixia ibopeana, versos consagrados por Drummond, como:
Casas entre bananeiras/ mulheres entre laranjeiras/ pomar amor cantar./ Um homem vai devagar/ um cachorro vai devagar/ um burro vai devagar./ Devagar... as janelas olham./ Eta vida besta, meu Deus.
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