sábado, 15 de janeiro de 2011

PARÓDIA CENSURADA


Parte do texto de ontem, 14, de Lino Bocchini, um dos responsáveis pela 'Falha de São Paulo', que parodiava o jornal Folha de São Paulo e foi compelida judicialmente a parar com a brincadeira, a 'pedido' da 'vítima':

"(...) A PARÓDIA, SEGUNDO O DICIONÁRIO HOUAISS, é um recurso que 'imita outra obra', com objetivo 'jocoso e satírico'. É assim desde o Barão de Itararé, que fazia 'A Manha', brincando com 'A Manhã', passando pelos Netos de Amaral, de Marcelo Tas, que brincava com o colunista Amaral Neto; a 'Trolha de S.Paulo', que os cassetas faziam em sua extinta revista, e dezenas de outros exemplos que aparecem em programas de TV como CQC, Pânico, Comédia MTV e Casseta & Planeta.  PIOR E SURREAL: o legítimo recurso da paródia é usado pela própria Folha quase que diariamente, principalmente por meio de seus chargistas e colunistas. A charge (...) acima, de Angeli, por exemplo, foi publicada outro dia na página 2 do jornal. Todos os argumentos que a Folha usa contra nós poderiam ser usados pelo Mc Donald´s para processá-la (logo parecido, “uso indevido da marca” etc). Agora pensem um minuto: a Folha (e o próprio Angeli) chamariam de censura um eventual impedimento jurídico dessa charge ou diriam que é um pleito normal da cadeia de lanchonetes?

Angeli deveria ser proibido de fazer essa charge?

Enfim, o que o jornal não percebeu - ou se recusa a admitir - é que a ação é tão violenta e surreal que abre uma jurisprudência que pode se voltar contra a própria Folha. Por conta dessa ameaça coletiva à liberdade de expressão, centenas (talvez milhares, é só dar um Google) de sites e blogs brasileiros já condenaram a censura do jornal, fora entidades e publicações internacionais, como Wired, Financial Times, Repórteres sem Fronteiras e Julian Assange. Caso tenha tempo e paciência, tente achar alguma manifestação a favor do processo do jornal. Se tiver uma única para cada 100 condenando, fora a do Celso Mim, já vai ser muito.(...)" (Blog do jornalista Luis Nassif).

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O velho Aparício Torelly, cognominado Barão de Itararé, com muito bom humor subscreveria o texto acima (e com certeza proporia a inserção de algumas pitadas de ironia). Imagine nós hoje, impedidos de refestelarmo-nos com os ditos cortantes do editor-chefe de A Manha por conta de uma rasteira do jornal A Manhã!

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