terça-feira, 21 de setembro de 2010

PATATIVA DO ASSARÉ


Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, sob o crivo de João de Deus Netto.

Antônio Gonçalves da Silva nasceu a 5 de março de 1909 na Serra de Santana, pequena propriedade rural do município de Assaré, sul do Ceará. As penas plúmbeas, as asas e cauda pretas da patativa, pássaro de canto enternecedor que habita as caatingas e matas do Nordeste brasileiro, batizaram o poeta, que passou a ser conhecido em todo o Brasil como Patativa do Assaré. Analfabeto, "sem saber as letra onde mora", como diz num de seus poemas, sua projeção em todo o Brasil se iniciou na década de 1950, a partir da regravação de Triste Partida, toada de retirante gravada por Luiz Gonzaga.

Sua verve poética serviu para denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino, que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir a condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere a estrofe da música Cabra da Peste:

"Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da peste, sou do Ceará."

Cantando para seu povo, brincou poeticamente com o fato de estar sendo gravado em disco na abertura de A Dor Gravada:

"Gravador que está gravando
Aqui no nosso ambiente
Tu gravas a minha voz
O meu verso e o meu repente
Mas gravador tu não gravas
A dor que meu peito sente".

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Nota: Patativa morreu em 8 de julho de 2002.
(Fonte:Facom;
http://picinezblog.blogspot.com/ ).

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