Com o título Clarice (lê-se “Clarice vírgula”), a Cosac Naify publica a mais completa biografia de Clarice Lispector, escrita pelo norte-americano Benjamim Moser. Incluído no rol dos 100 notáveis de 2009 do The New York Times, o livro revela, pela primeira vez, aspectos fundamentais na trajetória da escritora, desde a origem miserável e violenta na Ucrânia – para onde o autor viajou – ao reconhecimento internacional.
Sempre "perto do coração selvagem", Clarice, naturalizada brasileira e falecida no Rio de Janeiro em 1977, figura em meus registros com muitas observações, entre as quais:
.tenho uma vida íntima que não revelo a ninguém. Nem a Deus;
.sou teimosa e não fiz ao longo da minha vida senão perseverar na mesma trilha, suprimir os fatos e privilegiar as sensações;
.eu escrevo quando eu quero. Profissional é aquele que tem obrigação consigo mesmo. Eu faço questão de ser amadora para manter a minha liberdade;
.o adulto é triste e solitário. A criança tem a fantasia.
Há pouco houve também o lançamento, pela editora Rocco, de "Clarice na Cabeceira", que traz 14 contos escolhidos por diferentes personalidades como Maria Bethânia e Rubem Fonseca.
O fascínio de Clarice é inesgotável. Mais: é crescente. Será por haver escrito prosa como se fizesse poesia? Ou por ter ido ao íntimo intocado da alma? Ou por tudo isso? Enigma.
A enigmática Clarice, por sinal, fez a seguinte observação quando, aos 19 anos, em visita ao Egito, encarou a Esfinge: "Eu não a decifrei. Mas ela também não me decifrou."
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