quinta-feira, 29 de outubro de 2009

DE COMO KANITZ DÁ AULA A KRUGMAN


Os economistas e as agências de risco não estão com a bola toda, depois da crise mundial que desmoralizou o neoliberalismo.

Mas é sempre bom atentar para o que diz Paul 'Nobel' Krugman.

Reportando-se ao BRIC, ele diz que a Rússia é um paquiderme meio atolado, a Índia e a China são as tais e o Brasil, bem, o Brasil mostrou muita competência ao superar a crise graças a uma sólida estrutura financeira e pouca exposição ao comércio exterior.

Já quanto a perspectivas de crescimento, o Brasil é mais esperança do que certeza. E para aí o Sr. Krugman.

A solidez da estrutura financeira decorre do fato de o Brasil ter sido mais rigoroso do que o BIS/Acordos da Basiléia I e II (enquanto os EUA, por exemplo, nem tomaram conhecimento das diretrizes, como classificação de risco de crédito, formação de provisões e alavancagem, ou seja, a relação entre o capital do banco e o montante máximo emprestável).

Quanto à pouca exposição ao comércio exterior, fico a me perguntar como estaria o Brasil, caso tivesse, há cerca de dez anos, aderido ao Acordo de Livre Comércio das Américas (melhor dizendo, da América, EUA). Para se ter uma ideia, o México, com o Nafta (a ALCA) até o pescoço, vai amargar redução de 9% no PIB em 2009.

Chamavam o Lula de turista, em face das constantes viagens ao exterior, e agora a realidade se encarrega de mostrar o acerto da tática: o Brasil diversificou suas parcerias comerciais, a ponto de as exportações para os EUA terem caído de 27% para 13%, a China converter-se no maior parceiro comercial isolado e a América do Sul e Caribe receberem a maior fatia das exportações (com maior valor médio por tonelada).

A China continua bombando, é verdade. Mas a mão-de-obra chinesa, o que tem a dizer quanto a direitos trabalhistas, notadamente salários? E o meio ambiente, como está sendo tratado na China? O que reserva o futuro?

E o futuro do Brasil? Mais esperança do que certeza de crescimento? O administrador Stephen Kanitz cunhou a seguinte máxima: 'Ao se analisar as previsões negativas, deve-se levar em conta a seguinte particularidade: se nada for feito, se tudo continuar como está.'

Assim como o Brasil mudou sua tática em comércio exterior, assim como inseriu milhões de famílias no mercado consumidor mediante programas sociais, também poderá promover mudanças na área tributária, por exemplo, alterando a perspectiva de crescimento.

Kanitz me parece mais firme do que Krugman.

Ademais, é bem melhor ser esperança de crescimento do que certeza de fracasso.

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