Faz um mês que o americano Bernard Madoff está engaiolado, dando início ao pagamento de 150 anos de reclusão em face de golpes financeiros bilionários.
Ninguém fala mais no assunto. Nenhum recurso foi apresentado pela defesa. A sentença foi proferida por juiz da primeira instância, mas não se viu sequer um reles artigo de jornal questionando o magistrado, ou o promotor, ou os peritos contábeis.
Nem sequer as algemas, as malditas algemas foram questionadas por alguma autoridade da Suprema Corte, furibunda ante ao flagrante desrespeito aos direitos do humano Madoff.
No Brasil, Daniel Dantas incorreu no seguinte 'descuido' (para ficarmos num só entre as dezenas de descuidos): a autoridade monetária, para estimular o ingresso de recursos externos, autorizou a criação de um fundo exclusivo para pessoas residentes no exterior, cujos rendimentos estariam isentos de imposto de renda. Dantas aplicou dinheiro de pessoas residentes no Brasil e todos embolsaram os ganhos, numa boa. Crime, não tem pra onde correr.
Encanado duas vezes por tentativa de suborno, recebeu como prêmio a liberdade imediata e a glória de ter sido o primeirão a merecer dois habeas corpus seguidos na história do Brasil.
De lá para cá, a preocupação de DD e seus parceiros é a de embaralhar o meio de campo, as zagas e o vestiário: nem banqueiro é, é ex-banqueiro. Nenhuma prova é legítima. Todos os HD's (que até hoje não foram decifrados pela polícia americana) são fraudados. A pilha de crimes atribuidos a ele e seus sócios é fajuta. Nove das 27 fazendas sequestradas não pertencem a Dantas, que nem é pecuarista, mas respeitável proprietário da Global Mine Exploration (2,1 milhões de hectares em 14 Estados, 1.381 autorizações concedidas pelo Departamento Nacional da Produção Mineral), notável empreendimento para fabricação (e lavagem) de dinheiro. Tudo não passa de inveja dos bocós.
Para coroar tudo, a cobertura da grande imprensa, sempre solícita. Há poucos dias, em coletiva, distribuiu ameaças a torto e a direito, senhorial pacas. O fato de ter sido preso duas vezes e recentemente denunciado por uma penca de crimes em nada embotou o elevado conceito desfrutado por Dantas. É que os olhos sensuais da grande imprensa seguem à risca o ditado de que o essencial (para ela) é invisível aos olhos.
Descanse em paz (a do pântano), Madoff.
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