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Escreveu nesta data o jornalista Fernando Miller, do Diário do Centro do Mundo:
No DCM:
O jornalista Merval Pereira usou sua coluna em O Globo neste domingo (10) para estabelecer uma falsa simetria entre o que foi a nomeação de Sergio Moro ao ministério da Justiça de Jair Bolsonaro e o que pode ser a escolha de Ricardo Lewandovski ao mesmo cargo pelo presidente Lula:
A possibilidade de o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski vir a ser o próximo ministro da Justiça do governo Lula, tratada com naturalidade por petistas e associados, tem o mesmo significado de o então juiz Sérgio Moro ter aceitado ser ministro da Justiça do governo Bolsonaro.
A aceitação por parte de Moro foi considerada uma confissão de que ele condenou o ex-presidente Lula para beneficiar Bolsonaro, o que é desmentido pelos fatos. Ficou famoso o vídeo em que Bolsonaro, ainda candidato inexpressivo, bate continência para o juíz Sérgio Moro, então o todo poderoso da Operação Lava Jato. Moro nem lhe dá confiança, parece não saber de quem se trata. Tanto que, depois da repercussão, sentiu-se na obrigação de ligar para o deputado para se desculpar pela deselegância.
O episódio mencionado por Merval ocorreu em março de 2017, quando Jair Bolsonaro ainda não havia despontado como um dos favoritos na sucessão presidencial.
Ocorre entretanto que, como demonstrado pela Vaza Jato, naquela altura já era clara a intenção do ex-juiz e dos procuradores da Força-Tarefa de Curitiba de perseguir Lula e o PT e era evidente que, nas eleições de 2018, eles se juntariam com quem tivesse a possibilidade de derrotá-los.
A revelação das mensagens trocadas entre eles, inclusive, proporcionou ao STF a oportunidade de decretar a suspeição do ex-juiz e a consequente anulação das condenações impostas ao então ex-presidente. Em 33 anos de magistratura, Lewandowski nunca teve uma sentença cassada por esse motivo ou qualquer coisa parecida.
Merval relembra o que entende ser a “atuação sempre coerente” de Lewandowski em favor de Lula e do PT, mencionando a decisão que assegurou a manutenção dos direitos políticos de Dilma mesmo com a cassação de seu mandato.
O que aconteceu, na verdade, foi um pedido dos aliados da ex-presidente Dilma que foi acatado não apenas pelo ministro, presidente do STF na época, mas também por membros de outros partidos. Ou seja, uma decisão de todo o STF e não unilateral, tais como as tomadas pelo “chefe” da Lava Jato. Ademais, o tempo ficou incumbido de demonstrar que sequer houve crime de responsabilidade na conduta da ex-presidenta.
“O que dizer do ministro Ricardo Lewandowski no ministério da Justiça de Lula? Por que sua eventual aceitação do cargo ser avaliada com normalidade, depois de toda sua história ligada ao presidente, desde a nomeação por influências familiares até sua atuação sempre coerente a favor do ex-presidente, mesmo quando preso por acusações de corrupção? O que dizer da teratológica interpretação da Constituição que permitiu que a presidente Dilma fosse impedida para o exercício do cargo, mas pudesse concorrer ao Senado dois anos depois? Coube ao eleitorado mineiro fazer valer a vontade constitucional, derrotando-a nas urnas.
A atuação do ministro Lewandowski a favor dos governos petistas pode ser vista como lealdade, ou mesmo uma coerência ideológica, o que lhe favorece na avaliação dos seus iguais, mas não difere da do ex-juiz Sérgio Moro.”
Comparar Moro com Lewandovski também não faz sentido diante da experiência e conhecimento jurídico de ambos.
Enquanto o ex-juiz assumiu a pasta com a experiência proporcionada pela sua magistratura na primeira instância do Paraná, o possível novo ministro tem 18 anos de experiência na Corte Suprema, tendo sido seu presidente e do TSE. (...) - (Para continuar, clique Aqui).
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Alegadas transgressões de magistrados são dirigidas ao CNJ Conselho Nacional de Justça. O hoje Ministro Zanin, como advogado de Lula, mandou algumas, a exemplo da relacionada à condução coercitiva do então ex-presidente ou, "melhor" ainda, o desprezo dado pelo julgador à garantia do JUIZ NATURAL. E ficaram nas prateleiras do CNJ ad infinitum. Várias das reclamações foram consideradas 'prejudicadas' por decurso de prazo, 'perda de causa de pedir' e por aí vai. Mas as duas acima citadas (e certamente outras mais) persistiram, à espera de julgamento (que poderiam resultar até em cassação sumária do magistrado). No caso do Sr. Moro, corre a boca pequena que ele teria sido informado sobre o iminente julgamento de reclamação(ões) de responsabilidade dele, sem chance de procrastinação (agora por iniciativa do Ministro Dias Toffoli, novo presidente do STF - e do CNJ, é claro). Uma vez que o ex-juiz já vinha negociando com Paulo Guedes sua atuação como Ministro da Justiça (teriam sido cinco encontros) de um futuro (e eventual, ainda) governo Bolsonaro, resolveu bater o martelo e firmar acordo com Guedes - rompendo com a magistratura. Conclusão: Lewandowski dá 'de chicote' em Moro e Merval.
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