Deve haver limites para o humor?
Por Gustavo Gindre
Peço um exercício de imaginação para um debate que me parece importante.
Vamos imaginar que essa chacina em Paris não ocorreu. Por um minuto vamos imaginar que os jornalistas continuam vivos.
Então, sem o trauma dessas mortes, que tal refletir sobre os limites do humor?
Vejam que não estou falando de censura (que é sempre a priori). Ninguém está dizendo que não se possa fazer humor com QUALQUER coisa (inclusive racista, sexista, xenófobo, etc). Eu pelo menos defendo que não deva haver censura prévia (inclusive aquela que existe diariamente nos veículos de comunicação privada e que gera tão pouca indignação).
Mas, suponhamos que haja alguma regulação (e não, por exemplo, o bundalele que impera no Brasil). Então, em que momento essa regulação pode ocorrer (sempre a posteriori) para punir eventuais excessos (como o racismo, o sexismo e a xenofobia que citei acima)?
Ou seja, imaginando que está claro que estamos falando de regulação a posteriori e não de censura a priori, deve haver algum limite? Se deve, qual é? Qual o limite que não inviabiliza a crítica, mas não permite o crime de ódio? (Fonte: aqui).
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O Charlie Hebdo jamais poupou ninguém, desancava a tudo e a todos, era o escracho em si. Católicos, protestantes, budistas, políticos em geral certamente não gostavam, mas silenciavam. Associações muçulmanas, não: ao que consta, ingressaram em juízo contra o jornal, mas a Justiça francesa teria classificado as abordagens do Charlie como contestações ao extremismo, e optou por assegurar o direito de crítica, julgando, em decorrência, improcedentes as alegações de agressão apresentadas.
Conclusão: A questão não é apenas complexa, mas altamente movediça.
Mas, suponhamos que haja alguma regulação (e não, por exemplo, o bundalele que impera no Brasil). Então, em que momento essa regulação pode ocorrer (sempre a posteriori) para punir eventuais excessos (como o racismo, o sexismo e a xenofobia que citei acima)?
Ou seja, imaginando que está claro que estamos falando de regulação a posteriori e não de censura a priori, deve haver algum limite? Se deve, qual é? Qual o limite que não inviabiliza a crítica, mas não permite o crime de ódio? (Fonte: aqui).
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O Charlie Hebdo jamais poupou ninguém, desancava a tudo e a todos, era o escracho em si. Católicos, protestantes, budistas, políticos em geral certamente não gostavam, mas silenciavam. Associações muçulmanas, não: ao que consta, ingressaram em juízo contra o jornal, mas a Justiça francesa teria classificado as abordagens do Charlie como contestações ao extremismo, e optou por assegurar o direito de crítica, julgando, em decorrência, improcedentes as alegações de agressão apresentadas.
Conclusão: A questão não é apenas complexa, mas altamente movediça.
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